São Paulo – A refugiada síria Hanan Daqqah, de 12 anos, será uma das primeiras pessoas a conduzir a tocha olímpica em sua chegada ao Brasil. Ela vai percorrer cerca de 200 metros com o símbolo dos Jogos Olímpicos na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Hanan foi escolhida pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) de um grupo de 12 refugiados apresentados ao órgão pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur). Um refugiado de Guiné Conacri também irá transportar a tocha no Brasil, mas ainda sem data definida.
“Estou muito feliz em levar a tocha, mas estou muito ansiosa”, disse Hanan à ANBA, nesta segunda-feira (02). Hanan vivia com seus pais e o irmão em Idlib, cidade do nordeste da Síria, quando o conflito civil se agravou. A família se mudou para o campo de refugiados de Za’atari, na Jordânia. Lá viveram por dois anos e seis meses antes de seguir para o Brasil. “Era muito ruim”, recordou Hanan.
No começo de 2015, a família veio para o Brasil por meio do programa de vistos concedidos pelo Ministério da Justiça às pessoas vítimas do conflito sírio. Primeiro veio o pai dela, Khaled. A mulher dele, que estava grávida, e os filhos só chegaram ao Brasil quando o bebê, uma menina, nasceu. Agora, ela está grávida de outra menina, que deverá nascer no próximo mês. “Já me sinto brasileira. Gosto muito daqui, porque no Brasil existe muita liberdade e não há guerra”, disse Hanan, que mora com a família em São Paulo.
O Acnur afirmou que a participação da garota síria entre os escolhidos para transportar a tocha olímpica no Brasil é uma forma de mostrar solidariedade com as vítimas do conflito sírio, sobretudo com as crianças vítimas da guerra. O Acnur entregou ao COI o perfil de 12 de refugiados. A escolha por Hanan foi feira pelo COI que considerou, também, o fato de que ela fala português com fluência.
A tocha olímpica foi acesa em 21 de abril na cidade grega de Olímpia. De lá passou por outros municípios da Grécia e pelas Nações Unidas, em Genebra, na Suíça. O símbolo das Olimpíadas será embarcado em um voo para o Brasil na noite desta segunda-feira e deverá chegar à capital federal na terça-feira.
Em uma cerimônia prevista para ser realizada no Palácio do Planalto, o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Artur Nuzman, irá entregar a tocha para a presidente Dilma Rousseff. Depois, um atleta descerá a rampa do Planalto com o objeto e contornará prédios de Brasília, quando o revezamento então começa. A tocha deverá percorrer mais de 300 cidades brasileiras nas mãos de milhares de pessoas antes de chegar à sede dos Jogos Olímpicos, o Rio de Janeiro, para a abertura das competições, em 05 de agosto.


