Decidido a atrair o interesse de grandes companhias brasileiras para o seu país, o rei da Jordânia, Abdullah II, teve, durante sua visita ao Brasil, uma reunião fechada com empresários de porte e representantes de entidades setoriais. O encontro ocorreu na sexta-feira (24) no hotel Renaissance, em São Paulo.
Um dos que conversaram com o monarca foi o ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, que hoje é presidente do conselho de administração da Sadia. Segundo Furlan, o rei falou sobre áreas em expansão no seu país, como a de infra-estrutura e a de alimentos.
“Ele conversou também sobre oportunidades de cooperação nesse momento de aproximação em que a Jordânia negocia um tratado de livre comércio com o Mercosul”, disse Furlan à ANBA.
De acordo com o diretor-presidente da Sadia, Gilberto Tomazoni, que também esteve na reunião, a empresa exporta o equivalente a US$ 20 milhões ao ano para a Jordânia entre frangos e alimentos industrializados.
Furlan acrescentou que disse ao rei que as tarifas de importação desses produtos no país são um pouco superiores às praticadas nas nações do Golfo Arábico. Abdulah II ficou de falar sobre a questão com seu ministro da Indústria e Comércio, Amer Al Hadidi, para que ela seja eventualmente incluída nas negociações com o Mercosul.
Tomazoni lembrou, porém, que a Sadia está para construir uma fábrica em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, o que vai trazer benefícios tributários nas vendas para outros países árabes. Ele acredita na ampliação das exportações para a Jordânia. “É um país que cresce numa economia baseada em serviços, e a população compra produtos de maior valor”, afirmou.
Outro que participou da reunião foi o ex-ministro da Agricultura, Marcus Vinícius Pratini de Moraes, hoje membro do conselho de administração do frigorífico JBS Friboi, o maior do Brasil e um dos maiores do mundo. Segundo ele, Abdullah II mostrou que seu país tem grande grau de abertura econômica e deu ênfase às oportunidades de investimentos. “A Jordânia é um entreposto, uma base, como Cingapura e Dubai, e exerce esse papel especialmente com relação a Iraque”, disse.
Pratini acrescentou que o rei até acenou com a elaboração de leis específicas para facilitar os investimentos brasileiros e o comércio com o Brasil. De acordo com ele, as exportações de carne brasileira para a Jordânia renderam cerca de US$ 20 milhões em 2007 e chegaram a US$ 18 milhões no período de janeiro a setembro deste ano. “Vamos superar a marca do ano passado”, declarou. O ex-ministro afirmou que o Friboi participa com 35% da carne bovina brasileira exportada ao país árabe.
Carne sem crise
Pratini falou também sobre os eventuais efeitos da crise financeira internacional no setor de carne bovina. Ele não espera redução na demanda. “Não podemos esquecer que o Brasil é a última fronteira agrícola do mundo”, declarou. O ex-ministro, porém, destacou que já houve queda no preço dos alimentos. “Mas alguns preços estavam muito altos em função da especulação”, disse.
Ele ressaltou que o principal problema no momento é a pouca disponibilidade de financiamentos para exportação. “O país precisa desses créditos já”, disse, acrescentando que, caso contrário, haverá o risco do Brasil ter não só déficit nas transações financeiras com o exterior, mas também na balança comercial.
Participaram também da reunião a presidente do Hospital Sírio-Libanês, Ivette Rizkallah, o vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Elias Miguel Haddad, o CEO da indústria farmacêutica Medley, Jairo Yamamoto, o presidente da Itaú Securities, Roberto Nishikawa, o presidente da Nossa Caixa, Milton de Melo Santos, o vice-presidente de negócios internacionais e mercado de defesa e governos da Embraer, Eduardo Munhós de Campos, o CEO da Amsted Maxion, Ricardo Chuahy, o presidente da unidade internacional da construtora Camargo Correa, Carlos Fernando Namur, o presidente da Crystalsev, Rui Lacerda Ferraz, entre outros.
Estiveram presentes ainda o presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Antonio Sarkis Jr., os vice-presidentes Salim Schahin (Comércio Exterior), Helmi Nasr (Relações Internacionais), Rubens Hannun (Marketing), o presidente do conselho de administração, Willian Adib Dib, e o diretor Mustapha Abdouni, que também é cônsul honorário da Jordânia em São Paulo.