São Paulo – O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, abriu o segundo dia do Fórum Econômico Brasil & Países Árabes colocando o mundo árabe em novo patamar de relacionamento com o Brasil. “Temos diante de nós um momento de imensos desafios, como todos sabemos, que é a construção de um mundo pós-covid, no qual, com certeza, as relações do Brasil com o mundo árabe assumirão um caráter cada vez mais estratégico”, disse.
O chanceler fez a abertura juntamente com o vice-presidente de Relações Internacionais da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Osmar Chohfi, e o vice-ministro e chefe dos Escritórios Comerciais do Egito, Ahmed Maghaoury, que representou a ministra egípcia de Comércio e Indústria, Nevin Game. O tema das discussões é “Uma Nova Ordem dos Negócios Internacionais?”.
Ao falar da nova geometria das relações internacionais que estão surgindo a partir da pandemia, o ministro Ernesto Araújo detalhou um pouco do que vê como papel dos países árabes na relação com o Brasil. Segundo o chanceler, novas cadeias produtivas estão sendo geradas com o aumento de parceiros-chaves e da criação de relações de confiança.
“Nesse contexto, a relação do Brasil com os países árabes, que já era extremamente promissora, faz parte agora decisivamente de um processo de reestruturação de nossa inserção internacional a partir de novas geometrias. O Brasil já mantém com o mundo árabe um relacionamento econômico crucial e cada vez mais precisa se valer desse relacionamento para nossos objetivos de crescimento e de recuperação”, afirmou no evento virtual.
Araújo disse que o a política externa do Brasil passa por mudanças, em sintonia com os valores e aspirações do povo brasileiro, com princípios orientadores da liberdade e da abertura econômica. Isso passa por construir mecanismos internacionais eficazes, equitativos e confiáveis, segundo ele, que citou a Organização Mundial do Comércio e as Nações Unidas no cerne disso.
“Ao nosso ver, neste momento, a necessidade de reformas em todas essas dimensões deve convergir para a criação desse novo mundo, a partir desse desafio da covid”, disse, sobre os organismos. Esse novo mundo a partir da covid é de maior integração entre os países, de maior fidelidade na comunidade internacional para a defesa da paz e da prosperidade, de acordo com o chanceler.
A nova ordem vai ficar?
Se haverá uma nova ordem nos negócios internacionais é justamente o questionamento- tema do segundo dia do fórum. “O nosso tema de hoje é uma pergunta e uma provocação”, disse Chohfi, ao abrir as conversas, questionando se as mudanças trazidas pela covid-19 permanecerão e ditarão os rumos de como se fará comércio nos mercados internos e externos.
“Há poucos meses, Henry Kissinger afirmou que a pandemia alterou a ordem mundial para sempre e que só a cooperação internacional garantiria segurança, ordem, bem-estar econômico e justiça”, disse Chohfi, que é diplomata. Segundo ele, há novos desafios no comércio e negócios internacionais, manifestados na logística, na inspeção sanitária, na maneira de negociar e utilizar as ferramentas tecnológicas, entre outros.
Segundo Chohfi, as dificuldades trouxeram não apenas efeitos negativos, mas também soluções inovadoras nos contatos virtuais, no comércio eletrônico, na digitalização dos despacho aduaneiro e no incentivo à cooperação. “Nossos parceiros árabes valorizaram a relação com o Brasil, que fornece com qualidade e previsibilidade parcela das mais expressivas da segurança alimentar de milhões de pessoas naquela região”, disse.
Facilitar o comércio no Egito
Ahmed Maghaoury contou como o Egito enfrentou a pandemia da covid-19 e os reflexos que ela trouxe para o comércio e a economia do país. Entre as diretrizes adotadas pelo país na área comercial, uma delas foi evitar exigir condições para o comércio. Ele também citou a ampliação da confiança no comércio e nos mercados internacionais através da transparência sobre as políticas adotadas pelos governos, a continuidade da oferta, principalmente aos países que precisam dela, e a adoção de medidas de apoio para as empresas.
“Todos os países adotaram políticas para lidar com a situação e procuraram novos caminhos”, disse o vice-ministro. A nova fase exige colaboração de todos os países do mundo, segundo o chefe dos Escritórios Comerciais do Egito. O país é um dos poucos que vive crescimento econômico apesar da crise mundial deflagrada pela covid-19. Maghaoury contou que as reformas implementadas desde 2016 ajudaram o país a enfrentar a pandemia, além de medidas sociais e econômicas implementadas na crise.
O fórum é promovido pela Câmara Árabe em parceria com a Liga Árabe e a União das Câmaras Árabes. Além de plenário com debates, ocorre uma exposição virtual onde empresas brasileiras e árabes apresentam seus produtos e serviços. A apresentação dos debates é da jornalista e apresentadora Renata Maron.
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