Alexandre Rocha
São Paulo – O interesse do governo e dos empresários brasileiros nos mercados do mundo árabe pode até desaguar em acordos de livre comércio. Essa é a avaliação do presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Luiz Carlos Delben Leite.
"A ida do presidente Lula mostra essa disposição do governo em promover uma maior aproximação com essa parte do mundo (Oriente Médio e Norte da África), fazer uma política mais ampla com países que têm um nível de desenvolvimento semelhante ao do Brasil. Eu tenho certeza de que isso vai chegar em acordos de livre comércio", disse Delben Leite, referindo-se à viagem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará à região em dezembro.
Ele acrescentou que, no futuro, essas relações podem até evoluir para a formação de um bloco econômico. "Inicialmente acredito em acordos entre países, mas depois pode até haver a formação de um bloco", afirmou, respondendo a uma pergunta se acordos entre brasileiros a árabes poderiam ser feitos nos moldes do Mercosul.
Máquinas
Na sua seara, Delben Leite diz que a indústria de máquinas e equipamentos quer voltar boa parte de seus esforços para o mercado árabe.
"Sempre avaliamos os mercados árabe e do Oriente Médio como muito importantes, na medida em que essas nações têm muitos recursos financeiros e um grande número de consumidores, que importam principalmente da Europa", declarou ele.
Para ele, esse esforço do setor deverá ser auxiliado pelas ações do governo federal, que está dando maior atenção aos países árabes, sendo a viagem de Lula o maior exemplo disso.
Segundo Delben Leite, o mercado árabe para máquinas e equipamentos ainda é pequeno, se comparado às vendas feitas aos Estados Unidos e à Europa. No entanto, vem crescendo.
"Até agosto nós já exportamos US$ 48 milhões para os 22 países da Liga Árabe e US$ 40 milhões para o Oriente Médio. Tivemos um crescimento de 7,5% nas exportações este ano em relação ao ano passado, e acho que esse percentual vai aumentar ainda mais em 2004", afirmou ele.
Maiores importadores
Para os Estados Unidos, maior importador com 35% das compras, o setor exporta anualmente US$ 1 bilhão. Em seguida vêm a União Européia com 21%, depois o Mercosul e o México.
No ranking das máquinas e equipamentos exportados para a Liga Árabe até agosto, figuram, em primeiro lugar, as máquinas rodoviárias, com quase US$ 25,2 milhões vendidos; em segundo as bombas para ar e líquidos e compressores, com mais de US$ 8,1 milhões comercializados; motores e peças em terceiro, com mais de US$ 3,6 milhões exportados; seguidos de aparelhos de refrigeração, máquinas agrícolas e equipamentos para a indústria do plástico e borracha.
Delben Leite conta que o Brasil está "começando a intensificar" a exportação de equipamentos para prospecção de petróleo e gás e também de ferramentas e máquinas para indústria do plástico, que é um derivado de petróleo. Isso, acredita ele, deve ser um dos fatores a impulsionar as trocas comerciais entre empresários brasileiros e árabes.
Impulso
E o que mais pode ser feito para ampliar ainda mais a relação entre Brasil e países árabes? Delben Leite prega a organização de missões comerciais, tanto daqui para lá, quanto de lá para cá; participação em feiras e exposições internacionais; e a realização de pesquisas de mercados locais, para que o empresário possa levar à feira ou exposição um produto adequado ao consumo da região.