Da redação
São Paulo – Os trabalhos do escritório de representação do Brasil junto à Autoridade Nacional Palestina, em Ramalá na Cisjordânia, já foram iniciados oficialmente. No dia 29 de julho, o embaixador Bernardo de Azevedo Brito, chefe da representação, desembarcou na região e, na semana passada, teve seu primeiro encontro com o chanceler palestino, Nabil Shaat. Na reunião, Brito entregou uma carta de apresentação do ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Amorim.
De acordo com informações do Itamaraty, a iniciativa faz parte da estratégia do governo brasileiro de estreitar os laços do país com o povo palestino e de aproximação com o Oriente Médio como um todo. Além de tentar ajudar na busca de uma solução para o conflito entre palestinos e israelenses, o escritório vai dar assistência consular para os 2.150 brasileiros que vivem na Palestina. Segundo o ministério, o embaixador Brito tem "larga experiência" em assuntos de cooperação internacional.
A idéia de criar um escritório em Ramalá surgiu em dezembro do ano passado, durante a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a cinco países da região (Líbano, Síria, Emirados Árabes Unidos, Egito e Líbia). Na ocasião, ele teve um encontro com Shaat e anunciou a intenção de abrir a representação.
De lá para cá foram feitas negociações com a Autoridade Palestina e com Israel, uma vez que os territórios palestinos estão ocupados, para levar a cabo a iniciativa, o que ocorreu após o aval das partes envolvidas.
Ações
As relações diplomáticas com os países árabes tornaram-se uma das prioridades do governo Lula. Além da viagem que fez ao Oriente Médio e norte da África – a primeira de um chefe de estado brasileiro desde que imperador dom Pedro II esteve no Líbano, Síria, Egito e Palestina no século XIX -, Lula propôs a realização de uma reunião de cúpula entre os chefes de estado árabes e da América do Sul, que deve ser realizada no próximo ano.
Além disso, o governo nomeou o embaixador Affonso Celso de Ouro Preto, que até recentemente era embaixador do Brasil em Pequim, na China, para o cargo de embaixador extraordinário para o Oriente Médio. Ele vai tratar também da aproximação do Brasil com a região.
Segundo o Itamaraty, na reunião da semana passada, Shaat disse que abertura do escritório inaugura uma "nova fase no diálogo entre o governo brasileiro e a autoridade palestina". O chanceler falou da importância da atuação do Brasil nos assuntos do Oriente Médio, principalmente na questão palestina. Brito acrescentou que o governo brasileiro quer contribuir para a retomada do diálogo entre Israel e Palestina e na busca da paz.
A representação brasileira ainda não tem um espaço físico. Por enquanto, Brito está na região acomodado em um hotel.

