São Paulo – Eles estão apenas começando, mas sonham com um futuro em que conseguirão até exportar para mercados promissores, como os países árabes. Para os 300 artesãos de 24 municípios que participam do projeto Artesanato do Mar de Dentro, no sul do Rio Grande do Sul, a idéia é ganhar o mundo a partir da produção de acessórios, bijuterias e peças de decoração feitas a partir de materiais diferenciados, como é o caso da coleção Redeiras, cujas matérias-primas são escamas e couro de peixe, além de restos de rede para pescar camarão.
“No caso do couro, o material retirado do peixe é curtido e tingido. Já as sobras de rede de pesca são cortadas, pintadas e viram fios para fazer bolsas, entre outros itens”, explica a gestora do projeto Artesanato do Mar de Dentro, Jussara Argoud. Segundo Jussara, os importadores ainda não chegaram, mas já estão perto de aparecer.
“Numa feira, há pouco tempo, o dono de uma loja de artigos brasileiros na França levou o nosso catálogo e se mostrou bastante interessado”, diz. “Compradores externos são bem-vindos. Vemos os países árabes, por exemplo, como potenciais compradores”, explica.
A iniciativa foi criada em 2008 e conta com o apoio e consultoria do Sebrae do Rio Grande do Sul. A produção já cresce ao ritmo de 15% ao ano. “É tudo feito artesanalmente, por isso a nossa limitação em avançar mais rapidamente”, afirma Jussara. Além da Redeiras, o projeto tem outras duas coleções de acessórios e artigos de decoração, chamadas Bichos do Mar de Dentro e Ladrilã.
Outra ação semelhante nos pampas é tocada pelo Grupo Canoa, que aproveita resíduos de borracha da indústria automobilística e de calçados para fazer bolsas e acessórios. “Temos peças como bolsas, carteiras, colares e brincos, entre outras peças”, diz Edy Ferreira Ribeiro, presidente do Grupo, que também conta com o apoio do Sebrae gaúcho.
O projeto existe desde 2007 e reúne 30 artesãos. Todos de olhos em possíveis bons negócios no exterior. “Lá fora, a produção artesanal é muito valorizada”, afirma Edy.