São Paulo – A Rhodia e a Saudi International Petrochemical Company (Sipchem) fecharam um contrato para a construção de uma fábrica de acetato de etila em Jubail, na Arábia Saudita. A subsidiária da Rhodia no Brasil será responsável pelo fornecimento da tecnologia e do etanol, que é um dos insumos utilizados, além de fazer a comercialização do produto. A empresa árabe investirá US$ 100 milhões para a construção da fábrica. O acetato de etila é utilizado como solvente em indústrias de tintas e vernizes.
Em entrevista à ANBA, Vincent Kamel, presidente global da divisão de fenol e solventes da Rhodia, explicou que a parceria com a empresa da Arábia Saudita deve-se à localização do país, estratégica para a venda aos mercados da Europa e da Ásia, principais importadores mundiais do acetato de etila. Além disso, o país árabe é grande produtor de gás natural, matéria-prima para a produção do ácido acético, que é outro insumo básico para a indústria.
“Já temos uma boa participação de mercado na América Latina. Estamos trabalhando para ser um dos líderes na Ásia”, revela o executivo. Segundo ele, o produto será comercializado basicamente na Europa, Oriente Médio e Ásia, com possibilidades remotas de vir para o Brasil, já que o país possui a maior usina de solventes oxigenados das Américas, com produção de 250 mil a 300 mil toneladas por ano. Kamel diz ainda que a Rhodia está analisando outras parcerias com empresas árabes e asiáticas, embora não tenha dado mais detalhes sobre o assunto.
A fábrica saudita terá capacidade de produção de 100 mil toneladas de acetato de etila, o que demandará, inicialmente, 70 milhões de litros de etanol para o seu funcionamento. De acordo com Kamel, a Rhodia comprará o etanol que fornecerá à planta saudita de usineiros terceirizados. “Hoje, somos o maior comprador de etanol para uso não combustível”, diz.
O executivo conta ainda que a fábrica no país árabe faz parte de um eixo de desenvolvimento sustentável e inovação da Rhodia, que trabalha para a substituição de produtos cancerígenos por outros não agressivos à saúde. Ele diz que, em 2009, a empresa já lançou um solvente deste tipo e está para lançar outro ainda este ano. “A gente planeja lançar mais um por ano”, destaca.
A planta saudita também se insere no processo de internacionalização da empresa a partir do Brasil. A Rhodia possui duas de suas onze operações mundiais sediadas no país, que, além da área de solventes, responde ainda pelo setor de fibras (fios sintéticos). “O país onde a Rhodia mais vende é o Brasil, 17% do faturamento da Rhodia vem do Brasil”, diz Kamel.
Outro fator de importância do Brasil para a empresa francesa é o fornecimento de matérias-primas renováveis, como a cana-de-açúcar para a produção de etanol. Kamel destaca ainda a relevância da planta de Paulínia, no interior de São Paulo, para as operações da companhia. “Se não for a maior, é a número 2 da Rhodia”, diz.
A Rhodia possui ainda outras três unidades industriais no Brasil, nas cidades de Santo André, São Bernardo do Campo e Jacareí, todas no estado de São Paulo. Em Paulínia, localiza-se ainda a unidade de pesquisa e desenvolvimento da empresa no país. Segundo Kamel, a tecnologia que será usada na fábrica saudita, no entanto, é mundial, pertencendo à Rhodia Operation.
A Rhodia tem sua sede na França e emprega 13,6 mil pessoas em todo o mundo. No Brasil, a empresa existe desde 1919 e desenvolve produtos para os setores agroquímico e de nutrição; automotivo e transportes; bens de consumo e têxtil; eletro-eletrônico; energia e abatimento de gases de efeito estufa; aromas e fragrâncias; saúde; indústria e processos.
A Sipchem foi criada em dezembro de 1999 e desenvolve insumos para a utilização em indústrias químicas.