São Paulo – A rodada de negócios organizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), durante a feira Rio Oil & Gas, poderá render R$ 176 milhões em contratos nos próximos 12 meses. A estimativa foi divulgada ontem (18) pelas 197 micro e pequenas empresas que apresentaram seus produtos para 23 grandes companhias da cadeia de óleo e gás. A rodada ocorreu nos dias 16 e 17.
“O resultado foi muito positivo. A gente estava imaginando algo em torno de R$ 120 milhões, o que já representaria um crescimento de 20% em relação aos R$ 100 milhões estimados na edição de 2006”, afirmou a coordenadora do Programa da Cadeia Produtiva de Petróleo e Gás do Sebrae Nacional, Eliane Borges. Segundo ela, esse crescimento é motivado pelo sucesso das Redes Petro, que permitem aos micro e pequenos empreendimentos atenderem as exigências das grandes empresas (leia mais abaixo).
O encontro favoreceu os bons negócios além dos contatos pré-agendados. Foi o que aconteceu com A CPS Parafusos, com sede em Aracajú, Sergipe, que participou pela primeira vez da Rio Oil & Gás, evento bienal que ocorre no Rio de Janeiro. “Tínhamos oito encontros pré-agendados, mas acabamos conversando com todas as 23 grandes empresas participantes”, contou Marcelo Yeire Marinho. “E o mais importante é que com todas elas ficou a possibilidade de fechar negócios”, comemorou o empresário.
A empresa está há 15 no mercado, mas até 2005 trabalhava apenas como distribuidora. Após passar a fazer parte da Rede Petro de Sergipe, passou também a produzir parafusos estojos, que são materiais de fixação para equipamentos de alta pressão. “Com a participação na Rede Petro passamos a receber consultoria, certificação Iso 9001 e apoio para a participação em feiras e rodadas de negócios”, afirmou.
“Fechamos contrato com a Petrobras de Sergipe há três anos. Hoje, 70% do faturamento é garantido pelas vendas para a Petrobras. Hoje utilizamos um terço da nossa capacidade produtiva de 60 mil peças/mês, mas temos capacidade de ampliar”, destacou Marinho.
Desmistificar a idéia de que as grandes empresas compram apenas produtos sofisticados e em grande quantidade é outra vantagem da rodada. "Nós também precisamos deles", diz o gestor local de Fornecedores da Unidade da Petrobras de Sergipe e Alagoas, Ubirajara de Brito Cruz. “Essa rodada de negócios serviu para buscarmos empresas que nós tínhamos interesse e deficiência no Norte e Nordeste. Contatamos entre 60 e 65 empresas nos dois dias de rodadas, tanto de serviços quanto de materiais. Foi bem interessante. Fizemos o pré-cadastro de todas essas empresas. Agora vamos fazer contato, a análise de origem fiscal e se estiver tudo certo, elas farão parte de nosso cadastro de fornecedoras”, explicou.
De acordo com Eliane Borges, para as micro e pequenas empresas, o grande desafio é trabalhar de acordo com as exigências e demandas desse rico e próspero setor. Devem se tornar mais competitivas sob vários aspectos, inclusive para substituir as importações de produtos e serviços. O relacionamento entre Petrobras, grandes empresas contratadas e fornecedores nacionais de pequeno porte está baseado em alto desempenho empresarial, que pode impactar e estimular o desenvolvimento sustentável de municípios, regiões e estados.
Redes Petro
Em outubro de 2004 foi assinado um convênio entre Petrobras e Sebrae com o objetivo de apoiar empresas de pequeno porte nos negócios do setor em todo o país, capacitá-las, qualificá-las e ainda mobilizar grandes empresas para contratá-las. Um dos resultados mais importantes para a competitividade das empresas atendidas pelo convênio é a formação de Redes Petro. Essas redes surgiram para articular participantes dos projetos de capacitação da cadeia de petróleo e gás. Oportunidades de negócios passaram a ser compartilhadas entre os integrantes dessas redes de cooperação empresarial.
A meta inicial da parceria era beneficiar 30 empresas em cada um dos 11 estados (AL, AM, BA, CE, ES, MG, PR, RJ, RS, RN e SE) onde foram implantados os projetos-piloto. O desenvolvimento das relações entre os integrantes dos pólos ou Arranjos Produtivos Locais (APL) de petróleo e gás foi a abordagem adotada desde o início do convênio Sebrae/Petrobras.
Projetos e ações do convênio Sebrae/Petrobras geraram conhecimento, boas práticas, e foram além da meta inicial. Entre 2004 e junho de 2008, mais de 2,2 mil empresas foram qualificadas e 6,3 mil participaram de seminários, capacitações e consultorias. Onze diagnósticos das cadeias produtivas locais foram feitos, além dos municípios de Campos e Duque de Caxias, ambos no estado do Rio de Janeiro. Nesse período foram investidos pelo Sebrae e Petrobrás R$ 12 milhões.

