Débora Rubin
São Paulo – O Salão Internacional da Robótica e Inteligência Artificial que começa amanhã (11) em São Paulo, no Centro de Convenções Imigrantes, tem dois grandes objetivos: mostrar à indústria brasileira que a robótica é mais acessível, e necessária, do que se imagina, e atrair estudantes e curiosos para estimular o estudo de ciência e tecnologia no país. Por isso, nesta segunda edição, a feira será dividida em dois espaços, um fechado para as indústrias e outro para o lazer e entretenimento, aberto ao público geral. "Vivemos a revolução da robótica. Ela está por toda parte, na indústria, na medicina e no dia a dia. Queremos sensibilizar o brasileiro para essa nova realidade", diz Eduardo Branco, diretor do evento.
Ao todo são 60 expositores, entre empresas e instituições de ensino. São esperadas 50 mil pessoas. No ano passado, foram 25 mil visitantes. "A primeira edição foi um ensaio, embora tenha tido uma receptividade grande. Neste ano vamos ter mais noção de quanto a feira movimenta em termos de negócios", explica Branco.
Na Feira, voltada para a indústria, estarão presentes empresas de robótica como a Comau, Didatech e Kuka Roboter. A primeira vai apresentar sua nova geração de robôs Comau (CG4), que utiliza programadores sem fios. A Kuka Roboter traz entre seus destaques o robô KR16. Durante o evento, ele fará usinagem em uma miniatura de automóvel. Já a Motoman Robótica do Brasil, do grupo Yaskawa, vai apresentar produtos como os Robôs EA1400N e EA1900N, que foram desenvolvidos exclusivamente para processos de solda.
Já na parte de entretenimento, não faltarão diversões aos estudantes e fãs de robótica. As mesmas empresas que vão levar novidades para o setor industrial vão apresentar, no pavilhão ao lado, seus robôs de entretenimento. Um deles é o robô Scara, da Kuka Roboter, que vai disputar uma partida de damas com o robô KR5. A Marc Produções vai apresentar seu RoboCar, um carro que se transforma em um robô de seis metros de altura. Uma das atrações internacionais é a Hug T-Shirt, camiseta que "abraça" as pessoas. Ela funciona com um software embutido na camiseta que é acionado por um celular via tecnologia bluetooth.
Das salas de aula
O evento também abre espaço para a educação. Alunos do Ensino Médio e Superior participarão de diversas competições. Uma delas é o de montagem de robôs com kits fornecidos pela Lego (fabricante de brinquedos). Ao todo, serão 632 alunos de 77 escolas que, divididos em equipes, disputarão pelas melhores criações. Além destes, mais de cem universitários de 12 centros de ensino diferentes estarão presentes. De hora em hora, equipes da FEI (Fundação Educacional Inaciana), da Faculdade Mauá e da UNESP-Bauru disputarão partidas de futebol na categoria Very Small, robôs cubos de até 7,5 cm.
Os robôs jogadores foram criados pelos alunos de Ciência da Computação e Engenharia Elétrica da FEI e já são um clássico em eventos de robótica. O time da instituição já é bicampeão da categoria Very Small Robot Soccer, da Competição IEEE Brasileira de Robôs.
Por fim, a Fundação Santo André vai apresentar o Sumô de Robôs, criado pelos alunos de Engenharia Mecânica da instituição. Vence o robô que consegue "empurrar" o oponente para fora de uma arena de 2 metros de diâmetro.
A FEI também vai apresentar outros projetos de alunos tais como Mike, o robô emotivo, desenvolvido por formandos do curso de Engenharia Elétrica no final de 2006. O robô "expressa" suas emoções por meio das cores dos olhos: vermelho representa raiva, verde felicidade e laranja tristeza.
Segundo Flávio Tonidandel, coordenador do departamento de Ciência da Computação da FEI, hoje são pouco mais de 20 alunos envolvidos com robótica na instituição – entre estudantes de graduação e mestrado. Parece pouco, mas é um número que vem crescendo nos últimos anos. "A engenharia já avançou e a computação também. O que vai mudar essas duas áreas daqui para frente é a aplicação de Inteligência Artificial", diz o professor.
Para isso, a FEI vem investindo em diferentes frentes de robótica, da área médica à automação residencial inteligente. Há até um mestrado voltado especificamente para a automação industrial. Isso porque, segundo Tonidandel, ainda existe um vácuo entre o que é criado nas universidades e o que é usado nas indústrias. "O empresariado brasileiro ainda é pouco sensível à robótica. Ela ainda parece brincadeira de universitário", diz. "Só que isso já está mudando. Os robôs de fábrica estão ficando cada vez mais inteligentes. A robótica não é mais o futuro. Já é o presente."
Serviço
Salão Internacional de Robótica e Inteligência Artificial
De 11 a 15 de Abril, das 13 às 21 horas
Ingressos: R$ 20,00
Local: Centro de Convenções Imigrantes – Rodovia dos Imigrantes km 1,5
www.roboticaexpo.com.br

