Isaura Daniel
São Paulo – A rodada de negócios realizada entre empresários brasileiros e representantes de 13 companhias da Argélia que estão em missão no Brasil terminou na sexta-feira (27), em São Paulo, com saldo positivo. Cerca de 120 empresas nacionais dos mais diversos setores compareceram ao Hotel Blue Tree Towers Convention, na capital paulista, para fazer contatos comerciais com os argelinos.
“Os encontros foram muito positivos tanto para os argelinos quanto para os brasileiros. O Brasil tem nível de excelência em muitos setores e o mercado argelino está se abrindo para produtos de fora neste momento”, disse o vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria da Argélia (CACI), Hadjan Hussein.
Apesar de que não chegaram a ser fechados negócios efetivamente, os empresários brasileiros saíram entusiasmados da rodada com a possibilidade futura de vendas. “Acabei encontrando oportunidades de negócios em uma área que eu não tinha previsto”, disse o diretor da Latinex, empresa paranaense que trabalha como representante de indústrias de suco e polpas de frutas, Eduardo Moraes.
O empresário participou da rodada com intenção de comercializar sucos, mas acabou fazendo contato para vender polpa de frutas para indústrias de sucos da Argélia. A Latinex já exporta polpa de frutas para a Angola e a África do Sul. Moraes veio de Curitiba apenas para encontrar-se com a missão argelina.
A Hecetaco é outra empresa brasileira de exportação que saiu da rodada com boas possibilidades de negócios. A trading trabalha com comércio de commodities e produtos químicos e poderá começar a vender café e trigo para a Argélia. “Identificamos dois parceiros potenciais e temos 70% de chance de vender para eles”, disse o representante da empresa presente na rodada, Hélio Cesar Tavares Costa.
A Hecetaco já tem 10% das suas exportações voltadas para o Oriente Médio, mas nunca chegou a vender para a Argélia. De acordo com Costa, os preços dos produtos brasileiros chamaram a atenção dos argelinos. “Eles (argelinos) ficaram muito surpresos quando falamos sobre o preço dos produtos”, diz.
Missão
Do lado da missão da Argélia também houve entusiasmo. O gerente da SNC Indústria de Processamento Industrial de Madeiras do Leste da Argélia, Brahim Bouard, se disse satisfeito com os contatos feitos na rodada. “Vamos voltar a conversar com os empresários com quem tivemos contato. Podem sair negócios daqui”, afirmou.
A SNC tem interesse de levar empresas brasileiras para fabricar móveis na Argélia. “Temos local para fabricação e capital. Os brasileiros têm matéria-prima e conhecimento em design”, disse. De acordo com Bouard, a importação de móveis brasileiros prontos acaba ficando cara em função das tarifas externas.
Grande parte dos argelinos se mostrou interessada em travar parcerias com empresários brasileiros para transferência da tecnologia ao seu país. “Além de incentivar o aumento do comércio, essa missão deve gerar projetos de cooperação no setor agrícola, agroalimentar e de medicamentos”, disse o embaixador do Brasil em Argel, Isnard Penha Brasil Jr.
A Eurl Confial, fabricante argelina de cervejas, sucos, água e balas, é uma das empresas integrantes da missão interessada em comprar não só matéria-prima brasileira como também levar para o seu país tecnologia de fabricação de alimentos.
“Há muitas idéias de projetos conjuntos e esta é apenas uma primeira visita”, disse Hussein. De acordo com o vice-presidente da CACI, a Argélia também tem condições de transferir seu conhecimento em áreas que podem ser úteis aos brasileiros, como no setor de gás ou ramos da alimentação como azeite de oliva, tâmaras, figos secos, sêmolas de trigo e outros tipos de produtos.
“Há um grande potencial de comércio entre a Argélia e o Brasil e essa missão poderá ajudar a equilibrar a balança comercial, hoje favorável à Argélia”, disse. “Os empresários brasileiros demonstraram interesse em desenvolver uma relação duradoura com os argelinos, apesar da distância”.
Rio de Janeiro
Hoje (30), o grupo de argelinos terá mais um rodada de negócios, além de um seminário, na sede da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), na capital do estado. A missão viajou para o Rio no último sábado.

