São Paulo – A empresa rondoniense Castanhas Ouro Verde tem sede em Jaru, ao sul de Porto Velho, entre Ariquemes e Ji-Paraná. A companhia de quatro anos faz o processo de extração da casca, industrialização e acondicionamento de castanhas-do-Brasil de Rondônia, e as comercializa em embalagens de 20 quilos, com validade de 24 meses.
O mercado interno corresponde a cerca de 70% das vendas, e as exportações começaram no ano passado, com clientes na Argélia, França e Estados Unidos. “Nosso principal cliente hoje é a Argélia, é um importador que compra da gente e distribui pela região”, contou o CEO Ítalo Toneto à ANBA durante a Rondônia Rural Show Internacional, que ocorreu em Ji-Paraná.
Toneto e o químico e gerente responsável técnico de qualidade da empresa, Geremias Oliveira, estavam participando da feira multissetorial com estande próprio. O CEO afirmou que quer aumentar as exportações. Na foto acima, Oliveira (esq.) e Toneto (dir.).
“Começamos a comercializar as castanhas em 2021, e em 2022 as exportações começaram. Já foram quatro contêineres para a Argélia, ou 1.300 caixas de 20 quilos, totalizando 104 toneladas esse ano só para lá”, contou.
Oliveira contou que os principais concorrentes deles são empresas da Bolívia e do Peru, e que o Brasil fica em terceiro no setor de castanha-do-Brasil. “Há muito tempo eles são pioneiros no processo de beneficiamento da castanha. Na região do Acre e Amazonas, eles chegam e compram a castanha antes da safra, com preço melhor. Só 20% da castanha produzida no Brasil é beneficiada no Brasil. Os outros 80% são exportados com casca para os vizinhos, Bolívia e Peru, e por isso eles têm o maior índice de exportação da castanha sem casca”, informou o gerente.
Mas Toneto afirmou que se depender da Castanhas Ouro Verde, esse número vai diminuir para os concorrentes. “Queremos que a castanha fique no Brasil e seja beneficiada aqui, para ser exportada daqui com maior valor agregado”, disse.
Os pacotes de 20 quilos são vendidos internamente para distribuidores, que então vendem para a indústria alimentícia e para supermercados.
A Castanhas Ouro Verde pretende lançar pacotes menores, em embalagens de 70 gramas, 130 gramas, 250 gramas e 500 gramas, para acessar o mercado direto.
“Hoje o carro-chefe é a embalagem de 20 kg de castanha. A linha fracionada vai ser lançada no segundo semestre deste ano, e nosso objetivo é atingir esses empórios de produtos naturais do Brasil inteiro”, disse Oliveira.
A produção diária da fábrica é de 1.500 a 1.800 quilos de castanha sem casca. Para produzir 1 quilo de castanhas-do-Brasil, são necessários de 3 a 4 quilos da castanha com casca. As cascas e demais resíduos são utilizados como biocombustível para produção de energia a vapor, e a fábrica produz energia elétrica por uma microusina de painéis solares. “Somos uma indústria autossustentável”, disse Oliveira.
A empresa já conta com selos de sustentabilidade, produto orgânico e comércio justo e busca devolver às famílias dos extrativistas, fazendo capacitação, construindo escolas e comprando com preço justo.
A jornalista viajou a convite da Secretaria do Desenvolvimento Econômico de Rondônia (Sedec).
Leia mais sobre Rondônia:
- Patrícia Olve, a rainha do couro de pirarucu
- Marca de sorvete traz ingredientes nativos de Rondônia
- Cacaulândia: município dá o nome a chocolate de Rondônia
- Sustentabilidade pode ser conexão de Rondônia com árabes
- Ascenergy comercializa o maior drone do agro brasileiro
- Peixe, café, cacau e açaí: potencial exportador de Rondônia
- Rondônia: café robusta amazônico cresce em sustentabilidade
- Rondônia Rural Show faz ação para internacionalizar estado