São Paulo – Rosas crescem em ambientes de clima ameno e, por isso, a maior parte dos grandes produtores nacionais fica nas regiões Sul e Sudeste do País. No entanto, há um pequeno território na divisa do Ceará com o Piauí que oferece condições para cultivo da flor. Foi lá que o gaúcho Paulo Selbach instalou sua plantação de 80 hectares. Essas rosas já ganharam o mundo, mas o câmbio desfavorável dos últimos anos fez Paulo rever seus planos e destinar a produção para o mercado nacional. O que não é ruim.
Segundo Paulo, 100% da produção da Cearosa já foi destinada a países europeus, como Portugal, Alemanha e Holanda. Hoje, a produção mensal de 45 mil pacotes com 20 hastes cada um é destinada ao mercado interno. Os estados do Sul e Sudeste, especialmente São Paulo, são os principais produtores. Segundo o empresário, o Brasil não oferece mais condições para exportar flores. “O mercado de exportação está comprometido. Não temos competitividade no mercado mundial, aliás, o Brasil está se tornado importador de flores. Já exportamos 100% e hoje só trabalhamos no mercado interno”, diz.
O mercado interno não é tão grande como o externo, mas cresce a cada ano. De acordo com a presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Flores e Plantas Ornamentais, Silvia von Rooijen, o setor de flores e plantas ornamentais tem uma receita média anual de R$ 4 bilhões e crescimento médio de 15% ao ano. Os segmentos que mais crescem são o de flor de corte – no qual se encaixam as rosas – e paisagismo. O segmento de flor de vaso e plantas verdes (sem flores) cresce menos.
Além do estado de São Paulo, o Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Distrito Federal e Ceará são grandes produtores de flores. "O consumo aumenta à medida que colocamos flores em pontos de venda diferentes, como os supermercados, e alcançamos pessoas de todas as classes sociais", diz Silvia. Não há, no entanto, dados específicos sobre venda de rosas.
O Ceará, onde fica a empresa de Paulo, é um dos principais produtores de rosas do país. Ele vendia calçados no estado quando conheceu a Serra da Ibiapaba, a 360 quilômetros de Fortaleza. Lá, a variação de temperatura é ideal para o plantio de rosas: as máximas atingem 28°C durante o dia e as mínimas, 17°C à noite. “Deu vontade de um dia plantar rosas neste local, mas a vontade vinha de muito tempo”, recorda, referindo-se ao fato de que a plantação de rosas era a atividade de sua família.
Depois que começou a cultivar as plantas, Paulo passou a investir também na variedade das flores. A vermelha continua na liderança de vendas, mas não é unanimidade. Rosas com duas cores, com pétalas maiores ou menores, com aroma mais forte ou fraco, todas têm seu espaço na preferência dos consumidores. E todas exigem um grande investimento do produtor. A Cearosa vende, atualmente, 25 tipos da flor, mas tem outros 350 em testes em suas estufas, que somam 12 hectares.
Nem todos eles ganharam os buquês, mas alguns entram na moda e fazem sucesso. Os lucros desses modelos não são colhidos apenas pelo produtor. Quem desenvolve a rosa também se beneficia e recebe royalties pelo produto. A empresa investe ainda em formação de mão-de-obra, manutenção da produção e tem gastos com transporte e logística.
Enquanto foge dos espinhos que encontra pelo caminho, Paulo fica de olho no mercado externo. Hoje, diz, o Brasil até importa rosas. Ele não descarta, porém, encontrar novos mercados além daqueles para os quais já vendeu. “Seria uma coisa muito boa, mas as condições que hoje temos são mínimas.”