São Paulo – A companhia aérea Royal Air Maroc deverá voltar a voar ao Brasil no final deste ano. A informação foi dada nesta sexta-feira (15) pelo embaixador do Marrocos em Brasília, Mohamed Louafa, durante reunião na Câmara de Comércio Árabe Brasileira, por ocasião da visita do prefeito da cidade marroquina de Fès, Hamid Chabat, a São Paulo.
Segundo o diplomata, a empresa fará dois voos por semana entre Casablanca e São Paulo. Ele acrescentou que a companhia negocia um acordo de código compartilhado com a brasileira TAM, que, por sua vez, terá o direito de operar rotas ao país do Norte da África.
Para o presidente da Câmara Árabe, Salim Taufic Schahin, essa conexão direta vai incentivar muito o turismo, além das relações bilaterais na área econômica, principalmente o comércio e os investimentos. "O Marrocos será o primeiro país do Norte da África a ter uma conexão direta com o Brasil", destacou.
A Royal Air Maroc já voou para o Rio de Janeiro, mas a rota foi cancelada em 1992.
Reformas
O prefeito Chabat, que também é secretário-geral da União Geral dos Trabalhadores do Marrocos (UGTM), veio ao Brasil para participar do 2º congresso da central sindical brasileira União Geral dos Trabalhadores (UGT), que começou na quinta-feira (14) e vai até sábado (16), na capital paulista.
Ele aproveitou para fazer uma visita ao prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Na reunião, segundo Chabat disse à ANBA, foi acertado um acordo de cooperação entre as duas cidades nas áreas de cultura, economia, turismo e reforma administrativa.
O prefeito declarou que após a reforma constitucional aprovada recentemente por referendo popular, o Marrocos não só está promovendo mudanças em sua estrutura política, mas também na área econômica, com maior abertura aos investimentos estrangeiros.
“Eu acredito que [com as reformas] vão haver melhorias gerais, tanto políticas como econômicas”, ressaltou Chabat. Segundo ele, na seara econômica, as mudanças contemplam também a extinção de monopólios e o incentivo à concorrência.
Schahin destacou que vê “grandes oportunidades para aumentar o comércio, o turismo e os investimentos [entre os dois países] com essa abertura”. Ele citou como exemplo o setor de fertilizantes, produtos que o Brasil tem necessidade de importar e que o Marrocos é grande fornecedor.
No primeiro semestre deste ano, as importações brasileiras do Marrocos somaram quase US$ 500 milhões, um aumento de 103% sobre o mesmo período de 2010. Os fertilizantes foram os principais itens da pauta.
O presidente da Câmara Árabe ressaltou também que o artesanato marroquino é muito apreciado no Brasil.
Chabat convidou Schahin a visitar Fès e propôs a assinatura de um acordo de cooperação entre a Câmara Árabe Brasileira e a Câmara de Comércio e Indústria da cidade marroquina. Além do turismo, ele destacou outros setores com potencial de negócios na região, como construção de casas populares, comércio em geral, seguros, indústria em geral, produção de fertilizantes e agricultura.
O prefeito ressaltou que o povo marroquino tem muito carinho pelos brasileiros, especialmente por causa do futebol. “O futebol brasileiro nos encanta, sempre com a alegria de jogar”, afirmou. “[No Brasil] me senti como se estivesse em casa, o povo é igual e o tratamento é igual”, acrescentou. O CEO da Câmara Árabe, Michel Alaby, também participou da reunião.
Fès é uma das cidades reais do Marrocos e um importante pólo turístico. Segundo Chabat, ela foi a primeira capital política do país e “é a cidade da memória e do futuro".

