Kuwait News Agency*
Beirute – A uma distância de 86 quilômetros ao nordeste da cidade de Beirute, capital do Líbano, fica o complexo de templos de Baalbek, situado no alto do fértil vale do Bekaa. Baalbek foi reconhecido como patrimônio histórico mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e é atualmente um dos pontos turísticos mais visitados do país. O local atrai muita gente que vai atrás, além das ruínas, dos shows e festivais culturais que ocorrem na região.
O diretor do departamento de estatísticas do Ministério do Turismo do Líbano, Tony Kayrouz, informou à Kuwait News Agency (KUNA) que 104.187 turistas visitaram Baalbek em 2004, sendo 1,5 mil provenientes do Kuwait.
As ruínas estão entre os mais extraordinários locais sagrados da antiguidade. Muito antes dos romanos conquistarem o local, e construir o imenso templo para Júpiter seu deus supremo, muito antes dos fenícios construírem um templo para seu deus Baal, Baalbek já tinha enormes construções de pedra.
A história de Baalbek começa aproximadamente 5 mil anos atrás. Escavações na Grande Corte do Templo de Júpiter mostram restos de vilarejos de meados da Era do Bronze (1.900 – 1.600 a.C.), construídas sobre um vilarejo mais antigo, do início da Era do Bronze (2.900 – 2.300 a.C).
A origem do nome Baalbek tem várias interpretações. Pode ter vindo originalmente da palavra fenícia Baal, que significava "Senhor" ou "Deus". A palavra pode também significar "Deus do Vale do Bekaa", ou "Deus da Cidade". Nos períodos seleucídico (helenístico, 323-64 a.C.) e romano (64 a.C. – 312 d.C.), o nome da cidade mudou para Heliópolis, a "Cidade do Sol". O deus Júpiter, do céu e do sol, transformou-se no principal deus do complexo nesta época. Júpiter foi provavelmente escolhido para substituir o antigo deus fenício Baal, que tinha muitas características similares às do deus grego Zeus.
O nome Heliópolis, pelo qual Baalbek foi conhecido durante o período Greco-Romano, vem da influência grega no local, que começou em 331 a.C. A era de ouro da construção romana em Baalbek/Heliópolis começou em 15 a.C., quando Roma estabeleceu lá uma legião e deu início à construção do Templo de Júpiter. Durante os três séculos seguintes, enquanto se sucediam os imperadores em Roma, em Heliópolis foram feitas as maiores construções religiosas do Império Romano.
Estes monumentos funcionaram como palácios e locais de adoração até que o cristianismo passou a ser a religião oficial do império romano, em 313 d.C. No final do século 04, o imperador Teodósio destruiu muitas construções e estátuas e construiu uma basílica com as pedras do Templo de Júpiter, acabando com a cidade romana de Heliópolis. O imperador fez com que a cidade de Baalbek se transformasse em um importante centro comercial, atraindo comerciantes e mercadores dos países do Mediterrâneo, do norte da Síria e do norte da Palestina, ajudando a consolidar o poder romano.
No ano de 634 d.C., exércitos muçulmanos entraram na Síria e dominaram Baalbek. Uma mesquita foi construída entre os muros do complexo, que foi transformado em uma cidade. Durante os séculos seguintes, Baalbek foi controlada por várias dinastias Islâmicas, incluindo os omíadas, abássidas e fatimidas além dos seljuk e dos turcos otomanos.
Baalbek foi saqueada pelos tártaros, em 1260, por Tamerlão, em 1401, e também passou por inúmeros grandes terremotos. No século 18, exploradores europeus começaram a visitar as ruínas e, em 1898, o imperador alemão Guilherme II foi responsável pela primeira restauração dos antigos templos. Foram executadas também escavações arqueológicas extensivas pelo governo francês, e mais tarde pelo Departamento Libanês de Antiguidades.
As ruínas de Baalbek, situadas em um grande morro (com 1.150 metros de altitude), têm vista para as planícies e estão cercadas pela cidade de Baalbek e por terras agrícolas.
Dentro do complexo há uma grande variedade de templos e estruturas cheias de colunas e esculturas caídas. As principais estruturas das ruínas são a Grande Corte, o Templo de Baal/Júpiter, o Templo de Baco e o templo circular que se acredita estar associado à deusa Vênus. O templo de Baco (o deus do vinho e da alegria) foi construído em meados do século 02 d.C. Ele é o templo romano em melhor estado de preservação. O templo tem 69 metros de comprimento e 36 metros de largura, sendo rodeado por 42 colunas com 19 metros de altura.
*Tradução de Mark Ament