Isaura Daniel
São Paulo – A Sadia, uma das maiores exportadoras de alimentos do Brasil e referência nacional na produção de frangos e derivados, pretende elevar suas exportações para o mercado árabe em 5% a 10% neste ano. O percentual se refere ao crescimento dos volumes que serão embarcados, de acordo com informação do diretor de Mercado Externo da Sadia, José Augusto Lima de Sá. O faturamento da empresa com o mercado deve seguir estável.
O percentual de crescimento projetado para os volumes é expressivo, segundo Sá, se for levado em conta que houve uma retração de consumo mundial em função de descobertas da gripe aviária em alguns países. Como no mundo árabe houve casos da doença, a diminuição local do consumo de frango foi grande, segundo Sá. No Egito foram registradas mortes de humanos por gripe aviária no primeiro semestre deste ano.
De acordo com Sá, a empresa sentiu os reflexos disso no primeiro semestre do ano, mas o mercado já está se recuperando. A Associação Brasileira dos Exportadores de Frango (Abef) promoveu neste ano ações no mundo árabe para mostrar a sanidade da carne produzida no país. Os árabes são grandes consumidores da carne de frango do Brasil. No ano passado, do US$ 1,7 bilhão faturado pela Sadia com o mercado externo, por exemplo, entre 20% e 25% do valor veio de países árabes.
A Sadia começou a exportar carne de frango para os países árabes ainda na década de 70. Ela foi pioneira nas vendas do produto brasileiro no Oriente Médio, segundo palestra dada por Sá ontem na Câmara Americana de Comércio (Amcham), em São Paulo. A empresa começou a exportar para os árabes frangos inteiros e introduziu o consumo de frangos em pedaços na região na década de 80. O processo de introdução do novo produto foi iniciado, segundo Sá, com a contratação de uma agência libanesa, com sede na França, para desenvolver a marca no país.
Propaganda
A garota propaganda da Sadia na região, na época, era uma galinha de desenho animado cujo nome comercial era Henrietta. A personagem, segundo Sá, ficou famosa na região. Em um dos comerciais televisivos ela aparecia perguntando aos seus amigos, também frangos, o que eles achariam de um frango com dez pernas, com dez peitos, com dez asas. Os amigos frangos ficam espantados. Logo depois, Henrietta conta para os colegas que esse frango existe, na bandeja da Sadia. Era a propaganda da venda de frango em pedaços, em bandejas, que a Sadia começava a fazer na região.
De acordo com Sá, uma das estratégias para manter a sua posição como fornecedora da região foi a continuidade. O executivo lembra que a empresa não deixou de vender frango para os países apesar das várias crises políticas pelas quais passou a região. "Nunca deixou de ter frango na prateleira", diz o diretor. O abate halal, que segue as normas islâmicas, também foi outra medida adotada pela empresa para conquistar o mercado. A transmissão de informação sobre o produto em forma de desenhos, para os países onde há maior índice de analfabetismo, foi outra estratégia adotada.
"Fique sempre perto do seu consumidor. Foi por isso que o Brasil se tornou o maior exportador de carne de frango do mundo: tratou cada mercado de acordo com as expectativas do seu consumidor", afirmou Sá. A Sadia exporta cerca de 250 produtos para 92 países, segundo informações do site da empresa. Ela tem representação comercial no Uruguai, Inglaterra, Argentina, Chile, Alemanha, Emirados, Japão e Venezuela.
A Sadia foi fundada em 1944 e tem sua matriz no estado de Santa Catarina. Além de frangos, a empresa produz alimentos derivados de carne suína, bovina e de peru, e também fabrica massas e margarinas. No Brasil, a marca Sadia está em 300 mil pontos-de-venda. A Sadia tem 11 unidades industriais, duas unidades agropecuárias e centros de distribuição em 14 estados do país.