Riad – A empresa saudita Saudi Agricultural and Livestock Investment Company (Salic) está procurando novos investimentos no Brasil em agropecuária e em projetos de logística relacionados ao segmento. A informação foi dada pelo diretor geral da Salic, Khaled Mohammed Al-Aboodi (na foto acima, ao microfone), à reportagem da ANBA nesta terça-feira (17), após Seminário Brasil-Arábia Saudita, em Riad.
O encontro ocorreu no Conselho das Câmaras Sauditas, como parte da missão da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, ao país árabe. A companhia de investimentos tem participação em uma grande empresa brasileira de carnes, que tem operações no Brasil e em outros países da América Latina. “Estamos felizes porque essa é uma boa diversificação para nós”, disse Al-Aboodi.
Mas a empresa analista investir em mais áreas. “Estamos procurando mais”, afirmou. Na logística do agronegócio, ele citou interesse em silos e nos setores de soja e de milho. Al-Aboodi disse que o Brasil é um país foco da Salic e que a empresa está “pronta para mais”. O fundo detém 32,9% de participação na Minerva.
O diretor geral conduziu o seminário, que teve como um dos focos justamente as necessidades de investimentos do Brasil na infraestrutura relacionada à produção agrícola e pecuária. A ministra Tereza Cristina apresentou projetos brasileiros na área que precisam de investimentos e que podem ajudar a diminuir os gargalos do escoamento da produção agropecuária brasileira.
“O Brasil possui alta produtividade no campo, mas alguns aspectos da fazenda ao porto diminuem nossa competitividade internacional”, disse a ministra. Segundo ela, o Brasil precisa de parcerias internacionais para superar o desafio da infraestrutura.
A ministra falou de dois projetos que serão abertos a investimentos, por leilões, e que estão sob o guarda-chuva da Secretaria Especial do Programa de Parcerias e Investimentos (PPI): a construção da Ferrogrão e da Ferrovia de Integração Oeste-Leste. O PPI supervisiona projetos prioritários de parcerias para investimento em infraestrutura, entre elas as concessões.
Esses projetos e outros do PPI foram detalhados também pelo diretor do Programa da Secretaria de Coordenação de Transportes-Rodovias, Renan Brandão. A Ferrogrão terá extensão de 933 quilômetros, demanda de US$ 3,1 bilhão em investimentos e sua concessão está em fase de consulta pública. Deve ir a leilão em 2020.
A Ferrovia de Integração Oeste-Leste ligará o oeste do Brasil a portos, terá 537 quilômetros de extensão e será canal importante para transporte de minério e grãos. O investimento previsto na primeira fase é de US$ 805 milhões. Também está em fase de consulta pública. Segundo Brandão, essas ferrovias são muito importantes, vão mudar o caminho da exportação brasileira e reduzir o custo de logística drasticamente.
A ministra falou das rodovias também, importantes para o escoamento da produção agrícola brasileira e, segundo ela, a expectativa é que a malha concedida dobre nos próximos anos. Os projetos do PPI preveem mais de 16 mil quilômetros em concessões na área que irão a leilão até 2022.
A ministra disse ainda que o Brasil tem oportunidades em produtos florestais, lácteos, aquicultura e horticultura. Ela deixou claro o interesse do País em ter mais investimento saudita. “Considerando que a Arábia Saudita é um grande investidor mundial e que o Brasil há anos figura entre os principais destinos de investimentos externos, entendo que há enorme espaço para trabalharmos em conjunto”, afirmou.
O seminário reuniu representantes de entidades e empresários tanto do Brasil como da Arábia Saudita. O secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, Tamer Mansour, disse no seminário que Brasil e Arábia Saudita precisam entrar em um novo estágio das suas relações. Ele falou sobre as oportunidades que existem para isso, entre elas os brasileiros fazerem do mercado saudita um polo para seus produtos na região. Mansour declarou que o Brasil é muito “sortudo” por ter a parceria da Arábia Saudita.
O secretário-geral da Câmara Árabe apresentou o trabalho da entidade de aproximar e colocar na mesa empresários árabes e brasileiros. Karen Jones, chefe executiva de operações da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) no Escritório para o Oriente Médio e Norte da África, que fica em Dubai, também foi uma das palestrantes e contou sobre o trabalho do escritório, de aproximação nas áreas comercial e de investimentos.
Pelo lado brasileiro, falaram no seminário também a superintendente de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Lígia Dutra Silva, e o diretor-executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin.