Mark Ament
São Paulo – No dia 11 de maio de 2004, o governo dos Estados Unidos impôs sansões à Síria alegando apoio ao terrorismo, ocupação do Líbano, e que o país estava minando os esforços dos Estados Unidos e da comunidade internacional em relação à estabilização e reconstrução do Iraque, entre outros.
As sanções incluem a proibição de vôos entre os Estados Unidos e Síria, fato que já não ocorria, o congelamento de alguns bens sírios, e o rompimento de relações com um banco sírio por suposta lavagem de dinheiro. Produtos fora destas sanções foram alimentos e remédios, e produtos de telecomunicações – para "manter o livre fluxo de informações", segundo informa o diário americano Washington Post – e peças para aviação, por razões de segurança.
Exportações dos EUA à Síria
Em 2003, o comércio bilateral entre Estados Unidos e Síria alcançou cerca de US$ 472,9 milhões, e gerou um déficit de US$ 44,7 milhões para os Estados Unidos (importações de US$ 258,8 milhões contra exportações de US$ 214,1 milhões, segundo o U.S. Census Bureau, órgão que fornece dados sobre o comércio exterior dos Estados Unidos).
Os principais itens exportados pelos Estados Unidos foram milho (US$ 67,871 milhões), equipamento para perfuração e operação de poços de petróleo (US$ 20,059 milhões) e produtos manufaturados de tabaco (US$ 14,602 milhões).
Em relação a produtos alimentícios exportados pelos Estados Unidos, o total acumulado em 2003 foi de US$ 72,573 milhões, cerca de um terço da pauta de exportações. Outros produtos cuja exportação foi liberada são peças para aviões, um total de US$ 1,349 milhões exportado em 2003. Os EUA exportaram para a Síria um total de US$ 3,822 milhões em equipamentos para telecomunicações. A soma destes três grupos de produtos totaliza US$ 77,744 milhões, ou cerca de 36,3% dos produtos exportados pelos EUA para a Síria. Sendo assim, tomando como base os dados de 2003, o país deve deixar de exportar mais de US$ 130 milhões para o país árabe.
Entre janeiro e abril de 2004, o corrente comercial entre Síria e Estados Unidos totalizou US$ 165,2 milhões, exportações de US$ 99,1 milhões e importações de US$ 66,1 milhões, com superávit de US$ 33,0 para os Estados Unidos. Dados específicos por produto não foram fornecidos.
Exportações do Brasil à Síria
Segundo a página de internet da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (CCAB), no ano passado, os principais produtos exportados pelo Brasil para a Síria foram açúcares (US$ 24,732 milhões), café não descafeinado (US$ 8,052 milhões) e veículos automotivos para carga (US$ 6,819 milhões).
Entre os 10 produtos mais exportados pelo Brasil em 2003, três são produtos alimentícios, os dois já mencionados, e açúcar de cana bruto (US$ 3,805 milhões). Juntos estes três produtos, que estão fora das sanções dos Estados Unidos, totalizam cerca de US$ 36,589 milhões, ou 54,9% do total exportado.
De janeiro a maio de 2004, as exportações para a Síria já haviam crescido 631,55% (para US$ 64,309 milhões) estando apenas US$ 2,292 milhões abaixo do resultado total em 2003 (US$ 66,601 milhões).
Segundo Michel Aldo Alaby, secretário geral da CCAB, com as sanções impostas pelos norte-americanos, o Brasil pode aumentar suas vendas de "produtos de tecnologia média, como equipamentos médicos hospitalares, veículos, autopeças, tratores e implementos agrícolas."
"A Síria e Jordânia tem longas fronteiras com o Iraque (Síria 605km e Jordânia 181km), e podem ser boas portas de entrada ao país para produtos brasileiros", disse Alaby. "Entre janeiro e maio de 2004, as exportações brasileiras para a Síria cresceram mais de 630%, mostrando um possível envio de produtos para o Iraque."
Segundo o secretário geral, outro fator que pode favorecer as exportações brasileiras para a Síria é a valorização do euro. "O principal parceiro econômico da Síria é a Itália, e com a atual taxa de câmbio, o Brasil está mais competitivo."
Feira Internacional de Damasco
De 3 a 12 de setembro, estará ocorrendo a Feira Internacional de Damasco, um evento multisetorial no qual a CCAB terá um estande de cem metros quadrados. Empresas interessadas em participar no evento podem entrar em contato com o departamento de marketing da CCAB.
Contato
Câmara de Comércio Árabe-Brasileira
Departamento de Marketing
Tel.: (+5511) 3283-4066

