Débora Rubin
São Paulo – Um ateliê de Brasília, na capital federal, quer calçar os pés das mulheres árabes em grande estilo. A Gaia Molino, aberta há um ano, já está comercializando sua coleção 2007. São sapatos artesanais, completamente feitos à mão, utilizando couro de rã, de peixe (tilápia) e retículo bovino (criado a partir do estômago do boi), com direito a muito brilho de cristais Swarovsky. A proposta do ateliê é fazer peças de luxo, com um toque exótico, porém voltadas apenas para o mercado externo. "Num futuro poderemos vender internamente, mas o foco, agora, é o mercado internacional", explica o criador da marca, Ari León.
A mais nova grife brasileira de sapatos de luxo já tem uma representante em Miami, Estados Unidos, e já foi procurada por donos de butiques dos Estados Unidos e também por um grande importador saudita. Boa parte da coleção foi criada já de olho nas mulheres árabes, que gostam do colorido e do brilho nos sapatos. "Até a forma dos sapatos foi feita pensando nesse público. As árabes, como as brasileiras, têm um pé mais gordinho, ao contrário das americanas e européias, que têm pés mais finos e compridos", diz Ari.
A idéia, no entanto, é chegar em diversos pontos, onde exista o mercado de luxo. "Nossa política é seletiva, porém ampla. Parece contraditório, mas não é. Queremos estar em diversos países, mas desde que seja em lojas que tenham esse foco, o mercado de luxo", explica. "Por isso já recusei negócios. Um americano de Ohio, por exemplo, me procurou. Mas a loja dele não era nesse segmento. Não fechei com ele", conta Ari. Os sapatos custam entre US$ 200 e US$ 400.
Os sapatos da primeira coleção foram desenhados pela designer Cris Magalhães. A idéia, no entanto, é fazer cada coleção com estilistas diferentes e, futuramente, trabalhar em parceria com designers de jóias. A Gaia Molino é uma empresa com espírito globalizado. Os materiais são comprados em diferentes estados. O couro vem principalmente de Guaxupé, Minas Gerais. A fabricação dos calçados é toda feita em Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul, região especializada no setor. E os desenhos são feitos por designer espalhados pelo Brasil, em parceria com o ateliê de Brasília, onde apenas sete pessoas trabalham.
"Tenho como referência a Zara, que não tem fábrica própria, mas é uma marca forte no mundo todo. O negócio deles é criação e logística. Você nunca vê a mesma roupa lá durante muito tempo. O segredo é investir em novas coleções", diz o criador da Gaia Molino.
Futuro
Atualmente a grife tem capacidade para produzir entre quatro e seis mil pares de sapatos por mês. "É pequeno se comparado aos grandes fabricantes. Mas para mercado de luxo, está bom". Ter fábrica própria não está nos planos de Ari, mas é uma possibilidade. Outra idéia futura, para quando o mercado nacional estiver na mira, é abrir uma loja em São Paulo. E cada coleção – serão ao menos quatro por ano – trará um material diferente como pele de lagarto e pedras semi-preciosas.
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