São Paulo – Uma das maiores empresas petrolíferas do mundo, a estatal saudita Saudi Aramco, confirmou nesta sexta-feira (08) que está “estudando diversas opções” para abrir o seu capital e assim “permitir a ampla participação pública em seus ativos”. Em comunicado, a companhia afirma que pretende abrir o seu capital com uma quantidade "apropriada" de ações da própria companhia e até de suas subsidiárias.
“Esta proposta é consistente com a ampla e progressiva direção adotada pelo Reino [da Arábia Saudita] por reformas, que incluem a privatização em vários setores da economia saudita e desregulamentação de mercados, que a Saudi Aramco apoia fortemente”, afirma a nota. A petrolífera não determinou prazos para o processo de abertura de capital e afirmou que os estudos e suas conclusões serão submetidos aos diretores e conselho de administração.
Dados de seu relatório corporativo de 2014, o mais recente disponível, indicam que a Saudi Aramco tem uma reserva estimada em 261 bilhões de barris de petróleo, produz 9,5 milhões de barris por dia e 3,5 bilhões por ano. Diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires afirmou à ANBA nesta sexta-feira que uma eventual abertura de capital da companhia árabe “é boa notícia” para o setor.
“A abertura de capital influenciará o mercado, pois mostrará uma transparência maior, os investidores terão mais acesso e conhecimento de suas decisões. É bom para o mercado, porém, não é tão bom, em teoria, para a própria empresa, devido ao fato de que o petróleo está com preços em queda e porque a Arábia Saudita enfrenta um período de instabilidade com o Irã”, afirmou Pires em relação ao rompimento das relações diplomáticas entre os dois países ocorrido esta semana.
Quando uma empresa coloca ações para serem vendidas em bolsa de valores ela precisar apresentar dados de sua produção, faturamento, movimentações financeiras e seus procedimentos de governança para que os interessados em comprar os papeis saibam o que estão adquirindo.
Pires afirmou também que, em tese, a abertura de capital da companhia saudita poderá prejudicar a Petrobras. “Será mais um competidor no mercado em busca de investidores”, afirmou, lembrando, porém, que a companhia brasileira já enfrenta dificuldades para se financiar porque perdeu seu grau de investimento.
Ele avaliou ainda que o desempenho da empresa saudita no mercado dependerá de diversos fatores, como qual a porcentagem das ações que o governo colocará à venda, se o governo irá se manter como sócio majoritário e se a empresa terá ou não grau de investimento.
O preço do petróleo, disse Pires, deverá subir, pois uma vez que as ações da Saudi Aramco serão listadas em bolsa, suas decisões deverão ser adotadas com base na lógica do mercado, “e não do governo”, disse. Atualmente, porém, as cotações da commodity estão em baixa. Nesta sexta-feira, o barril de petróleo tipo Brent fechou o dia cotado a US$ 33,04, em queda de 0,23%.
A Arábia Saudita anunciou nas últimas semanas medidas para aumentar sua arrecadação e reduzir o déficit orçamentário, de aproximadamente 15% do Produto Interno Bruto (PIB) registrado no ano passado. Entre as medidas estão o aumento dos preços de combustíveis, água e energia elétrica, assim como a privatização de companhias estatais.