Da redação*
São Paulo – A Arábia Saudita, país árabe do Oriente Médio, deverá abrir o seu mercado de ações aos investidores estrangeiros de fora do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC). O presidente do Departamento de Mercados de Capital (CMA) da Arábia Saudita, Abdul Rahman Al-Tuwaijri, afirmou, durante a última semana, que o país árabe deverá permitir que estrangeiros invistam em ações e ofertas públicas iniciais (IPOs). A informação foi publicada pelo site do jornal saudita Arab News.
As IPOs são a primeira venda de ações ordinárias de uma empresa no mercado de ações. "Vamos permitir a criação de fundos por empresas licenciadas, e de forma gradual, através desses fundos, o investimento estrangeiro será permitido, desde que realizado com transparência", disse Al-Tuwaijri em entrevista ao canal de TV Al-Arabiya. Ele não deu previsão de prazo para a abertura, segundo notícias de agências internacionais.
Al-Tuwaijri explicou que o CMA mantém a bolsa saudita inacessível ao capital estrangeiro porque teme o chamado "hot money", investimento de curtíssimo prazo visando lucro, que pode causar turbulências aos mercados financeiros. "A porta não está completamente fechada. Queremos implementar as mudanças no mercado de ações por meio de um processo organizado, sem sobressaltos", afirmou o presidente do CMA. "Fazemos questão de saber quem está negociando ações em nosso território", disse.
A maioria dos países produtores de petróleo do Conselho de Cooperação do Golfo – bloco que inclui o Bahrein, Kuwait, Catar, Omã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos – restringe a compra de ações por investidores externos. A Arábia Saudita é o mais fechado desses países no segmento: só permite a entrada de capital estrangeiro no mercado se o investidor for de um dos outros cinco países membros do GCC.
Mas as autoridades financeiras dos países do Conselho de Cooperação do Golfo vêm reduzindo suas restrições ao investimento estrangeiro em uma tentativa de tornar os mercados menos voláteis. Depois de ter quase dobrado de valor em 2005, o benchmark (índice usado para comparação entre mercados) do mercado saudita sofreu uma queda de 52,5% no ano passado, apresentando o pior desempenho do mundo árabe em 2006.
"A ação faz parte de um esforço para liberalizar a economia do país. A abertura parcial do mercado de capitais é uma peça-chave", disse o economista chefe do banco saudita SABB, filiado ao grupo HSBC, John Sfakianakis. Ainda segundo ele, os maiores mercados do Oriente Médio já esperavam esse avanço. "Toda a região vai se beneficiar da abertura parcial do mercado saudita", afirmou, de acordo com o site do jornal Gulf News, de Dubai.
Para Snehdeep Fulzele, diretor de pesquisa de mercado da companhia de serviços financeiros saudita Falcom Financial Services, de Riad, a declaração do presidente do CMA é um passo na direção certa. "Ao permitir que estrangeiros invistam em IPOs por meio de fundos domésticos, o CMA poderá monitorar o fluxo de capital", disse. A bolsa de valores saudita, no entanto, reagiu de forma negativa à declaração de Al-Tuwaijri. O Índice Tadawul All-Share, que estava em 10.108 no sábado, dia do anúncio, caiu 76,85 pontos na segunda-feira e fechou em 10.031 pontos.
*Tradução de Gabriel Pomerancblum

