São Paulo – A Arábia Saudita pretende aumentar as importações de alimentos e os investimentos no agronegócio brasileiro, informou nesta segunda-feira (13) à ANBA o diretor de Promoção Internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Evaldo da Silva Júnior. “Eles querem importar mais carnes de aves e bovina e grãos, e querem importar também animais vivos, além de ampliar os investimentos no Brasil”, disse Silva.
Estes temas foram discutidos pelos ministros da Agricultura do Brasil, Blairo Maggi, e da Arábia Saudita, Abdulrahman Alfadli, em reunião realizada neste final de semana, em São Paulo. “Tratamos das exportações brasileiras de carnes e grãos. E o ministro [saudita] demonstrou clara intenção de ampliar investimentos por aqui”, comentou Maggi em nota divulgada pelo Mapa nesta segunda-feira.
Segundo Silva, os sauditas querem comprar participações em empresas brasileiras do agronegócio para garantir o abastecimento do mercado do país árabe. A preocupação com a segurança alimentar é grande no mundo árabe, especialmente nos países do Golfo, onde o clima é extremamente árido.
“É a forma que eles têm de garantir a segurança alimentar, por meio de participações”, afirmou Silva. “Eles não compram a empresa inteira, mas têm participação, não são os operadores”, acrescentou. Ou seja, garantem sustentação financeira ao negócio e em troca querem acesso aso produtos.
De acordo com Silva, o próprio Mapa apresentou aos sauditas um portfólio de projetos que podem receber investimentos estrangeiros e que estão sendo analisados. Um exemplo de investimento saudita já realizado é a participação acionária de quase 20% da Salic no frigorífico Minerva. A Salic é a subsidiária para o setor agropecuário do fundo soberano saudita PIF.
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“A reunião representa a consolidação da aproximação do Brasil e da Arábia Saudita no setor agropecuário”, declarou o presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Rubens Hannun, que acompanhou o encontro entre os ministros. Ele destacou que a reunião é um reflexo da visita feita em maio por Maggi à Arábia Saudita.
O ministro brasileiro foi a quatro países do Golfo em maio liderando uma delegação empresarial com o objetivo de promover os negócios, mas também de dar uma satisfação sobre a Operação Carne Fraca da Polícia Federal, que investigou irregularidades em frigoríficos e na atuação de fiscais do Mapa, e causou preocupação entre importadores de carne do Brasil.
A Câmara Árabe teve um papel fundamental na articulação do diálogo entre o Brasil e os países árabes após a operação, reunindo representantes do governo e do setor privado com embaixadores do Oriente Médio e Norte da África, repassando informações às partes envolvidas e incentivando viagens de Maggi e de outras autoridades a nações árabes para fortalecer a imagem do setor.
“Esta reunião [do final de semana] é consequência da visita em maio, que já tinha como expectativa mesmo aumentar o volume de negócios de exportação e investimentos”, observou Hannun.
Maggi ainda apresentou ao seu colega saudita o novo adido agrícola da embaixada brasileira em Riad, Marcel Moreira. O assessor da presidência da Câmara Árabe para assuntos estratégicos, Tamer Mansour, também participou da reunião.
As exportações do agronegócio brasileiro à Arábia Saudita somaram US$ 1,673 bilhão de janeiro a setembro deste ano, um aumento de 0,7% em relação ao mesmo período de 2016, segundo dados do Mapa.