São Paulo – Representantes do grupo saudita Agroinvest, companhia de investimento agrícola de capital público e privado, estão no Brasil em busca de parcerias para produção e exportação de grãos e carne de frango. O capital do grupo para investir no exterior é de US$ 500 milhões. “O Brasil tem muito potencial. Tem um bom clima e solo para produção de grãos e criação de aves. É um bom país para se investir”, afirmou o empresário Mohamed Abdullah Al-Rasheed, presidente da empresa Saudi Greenhouses, uma das empresas do Agroinvest.
A Agroinvest, que quer dizer Empresa Internacional de Investimento Agrícola e Alimentar, foi criada no ano passado como parte de um projeto do governo saudita para garantir a segurança alimentar e ajudar a estabilizar os preços no mercado local. Segundo Rasheed, a ideia é começar as atividades em 2011 e, para isso, é preciso conhecer as oportunidades agrícolas que o Brasil oferece. “Queremos parcerias de longo prazo”, acrescentou.
Além do Brasil, as empresas do grupo estão de olho em países africanos, asiáticos e europeus. O maior interesse de investimento da Agroinvest está em carne de frango, trigo, milho e soja. O grupo pretende fazer diversas parcerias para produzir tanto no Brasil quanto no país árabe. Conforme o andamento das negociações, Rasheed afirmou que o segundo passo é mandar uma equipe técnica ao Brasil para avaliar as condições de produção e exportação.
Rasheed também está interessado em importar frutas do Brasil, como manga, melão, mamão, uva e laranja. A Saudi Greenhouses é a maior empresa saudita de produção de vegetais em estufas. "Procuro um parceiro na produção de melão para distribuição na Arábia Saudita", disse o empresário, que tem 74 hectares de estufas para produção de pepino, tomates, pimentão, berinjela.
O empresário saudita, que está em São Paulo, faz parte de uma delegação com 30 pessoas, entre membros do governo e empresários, liderados pelo ministro da Agricultura da Arábia Saudita, Fahad Abdulrahman Bal Ghunaim. Os empresários se reuniram na tarde desta segunda-feira (4) com empresas brasileiras num encontro organizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Do lado brasileiro, estava o diretor da Associação dos Produtores de Soja do Estado do Mato Grosso (Aprosoja), Ricardo Tomoczyk, que se encontrou com os sauditas e disse que com certeza vão sair negócios. Segundo ele e o consultor da Macroconsulting, Carlos Brito, os sauditas podem colaborar com fertilizantes e investimentos em infraestrutura.
Para o gerente de exportação da empresa Novo Mel, Carlos Rehder, e o diretor da trading DGA, Gaspar Candioli, que têm uma parceria para comercialização de soja e milho, os encontros foram muito positivos. Ambos conversaram com o presidente da Alsanie Trading, Abdullah Al-Sanie, que busca parceiros no setor de grãos, principalmente soja e milho para ração animal.
O grupo Alsanie tem quatro empresas na Arábia Saudita. Na área agrícola, são produtores de frango e ovos e representantes de produtos farmacêuticos para animais, máquinas agrícolas e auto-peças. A companhia de frango do grupo, a Al-Wadi Poultry Farms, possui cinco aviários no país árabe e tem capacidade para abater mais de 35 milhões de frango por ano. Mesmo assim, Sanie quer formar uma joint-venture com uma empresa brasileira para produzir mais frango e abastecer o mercado saudita.
“A vinda da delegação saudita foi muito importante. Vieram empresas de qualidade e pessoas importantes para negociar com os empresários brasileiros”, afirmou o diretor de Promoção Internacional do Agronegócio do Mapa, Eduardo Sampaio. Segundo ele, as condições do solo, clima e abundância de água, aliadas à tecnologia e ao empreendedorismo brasileiro, levaram o país a ser líder na produção e exportação de alimentos, atraindo oportunidades de investimentos.
Além da compra de terras, Sampaio afirmou que é possível investir no Brasil por diferentes meios, como produção sob contrato, mecanismos de mercado financeiro, mercado de ações ou parcerias.