São Paulo – Delegação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) liderada pelo secretário-executivo da pasta, Eumar Novacki, teve uma reunião (foto acima) no domingo (25) com o vice-ministro da Agricultura, Meio Ambiente e Águas da Arábia Saudita, Ahmed Bin Saleh Al Ayadah, em Riad. Segundo informações divulgadas pelo ministério brasileiro, ficou acertada a vinda ao Brasil na primeira semana de maio de uma missão técnica saudita para habilitar a exportação de gado vivo.
De acordo com comunicado do Mapa, Ayadah afirmou que a Arábia Saudita tem todo o interesse em aprofundar as relações com o Brasil, seu parceiro comercial há 40 anos.
As importações de gado haviam sido suspensas no final de 2012, quando ocorreu no Paraná um caso atípico de encefalopatia espongiforme bovina. Na época, os sauditas suspenderam as importações de carne e de animais do Brasil. O comércio de carnes foi retomado posteriormente, mas a negociação para a retomada dos embarques de bois só foram mesmo retomadas agora.
A delegação brasileira foi à Arábia Saudita também para tratar de questões de padronização do abate halal de frangos, feito de acordo com tradições muçulmanas. Os sauditas não aceitam que os animais sejam atordoados por choque elétrico antes da degola, procedimento que é adotado no Brasil e, segundo o setor avícola, garante melhor qualidade à carne.
Os brasileiros apresentaram um estudo sobre o tema realizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e pela Universidade de São Paulo, mas os sauditas estão irredutíveis. Segundo a nota do Mapa, o governo brasileiro pediu às autoridades sauditas um adiamento por mais 60 dias para que passe a valer a determinação saudita de que os frangos exportados ao país sejam abatidos sem o atordoamento. O prazo original é 1º de abril.
O Mapa informou também que convidou uma delegação saudita a vir ao Brasil para conhecer de perto o abate halal realizado no País. De acordo com o assessor de Projetos Especiais da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Tamer Mansour, que acompanha a delegação, o tema pode vir a ser rediscutido em reunião da Organização de Padronização do GCC (GSO, na sigla em inglês) em junho. O órgão é uma espécie de Inmetro da região.
O Mapa acrescentou ainda que será assinado um protocolo de intenções entre os dois países, para aprofundar a relação bilateral na área, e um termo de cooperação técnica, para promover a troca de experiências.
A delegação brasileira teve também reuniões na GSO e na Autoridade Saudita para Alimentos e Drogas (SFDA, na sigla em inglês). Além de Novacki e Tamer, integraram a missão outros representantes do governo brasileiro, do setor privado e de certificadoras halal.
A Arábia Saudita é o maior mercado do frango brasileiro no exterior. As exportações para lá somaram US$ 170 milhões no primeiro bimestre, uma queda de 21% em relação ao mesmo período do ano passado. As vendas de carne bovina totalizaram quase US$ 17 milhões, um recuo de 47% na mesma comparação. Os dados são do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços do Brasil (MDIC).