São Paulo – Cerca de 180 mil pessoas acompanharam o último compromisso do papa Francisco em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, nesta terça-feira (05). O papa desembarcou no país árabe no domingo (03), foi recebido por religiosos e autoridades locais, e concluiu sua agenda com uma missa no Zayed Sports City. Foi a primeira visita de um chefe da Igreja Católica à Península Arábica.
Falando em italiano, com tradução simultânea para o árabe, em sua homilia o papa falou sobre felicidade, sobre seguimento a Jesus Cristo e sobre as bem-aventuranças, passagem bíblica que ressalta a humildade, a mansidão, a justiça, o perdão e a paz. Segundo ele, para viver as bem-aventuranças não é preciso “feitos extraordinários”.
“As bem-aventuranças não são para super-homens, mas para quem enfrenta os desafios e provações de cada dia. Quem as vive à maneira de Jesus torna puro o mundo. É como uma árvore que, mesmo em terra árida, diariamente absorve ar poluído e restitui oxigênio”, disse Francisco aos presentes, segundo o site do Vaticano.
O líder católico falou bastante sobre a paz. “Que as comunidades de vocês sejam oásis de paz”, disse. E se deteve numa das bem-aventuranças que fala sobre o tema: Felizes os pacificadores. “Para vocês, peço a graça de preservar a paz, a unidade, de cuidar uns dos outros numa bela fraternidade, onde não haja cristãos de primeira classe e de segunda”, disse Francisco.
O estádio comportou 45 mil pessoas e os demais assistiram a missa do lado de fora, em telões preparados especialmente para a ocasião. De acordo com informações da agência de notícias oficial dos Emirados, a Emirates News Agency (WAM), participaram da celebração pessoas do país e do exterior. A missão começou às 10h30 (hora local) e durou 90 minutos.
Na segunda-feira (04), o papa se encontrou com o grande imã, Ahmed Mohamed el-Tayeb, da mesquita de Al-Azhar, do Egito, considerado a autoridade máxima do mundo muçulmano sunita. Os dois lançaram apelo conjunto mundial pela paz e assinaram documento sobre o tema, em encontro inter-religioso no Memorial do Fundador.
“Quem mata uma pessoa, é como alguém que mata toda a humanidade, e quem salva uma pessoa, é como alguém que salva toda a humanidade”, diz o texto. O documento condena o genocídio, o terrorismo, o deslocamento forçado, o tráfico humano, o aborto e a eutanásia, e diz que religiões nunca devem incitar a guerra. Francisco e Tayeb também reafirmaram compromisso com a liberdade religiosa e enfatizaram a necessidade de proteção aos direitos das mulheres, crianças, idosos, fracos, deficientes e oprimidos.
O papa foi recebido pelo vice-presidente e primeiro-ministro dos Emirados, Mohammed bin Rashid Al Maktoum, que é também governante de Dubai, e pelo príncipe herdeiro de Abu Dhabi e vice comandante supremo das Forças Armadas dos Emirados Árabes Unidos, Mohamed bin Zayed Al Nahyan, no Palácio Presidencial.
Para celebrar a visita houve uma exibição acrobática da Força Aérea do país, que despejou fumaça amarela e branca – as cores da bandeira do Vaticano – no céu. Os líderes dos Emirados expressaram a alegria pela visita histórica e a confiança de que ela contribuiria para o diálogo, a fraternidade, a coexistência, a cooperação e o respeito entre os seres humanos, e a paz e a segurança no mundo, segundo a WAM.
O papa entregou aos anfitriões uma medalha que retrata o encontro de São Francisco de Assis, santo da Igreja Católica, com o sultão Malik Al-Kamil, registrado em um manuscrito que traz detalhes sobre a biografia de São Francisco. A imagem do medalhão destaca o propósito da viagem do papa aos Emirados: a fraternidade e o diálogo.