São Paulo – A meta traçada pela organização do seminário Avaliando e redefinindo as políticas para a África num novo cenário global: cruzando perspectivas entre o Brasil e o Marrocos, realizado nesta segunda-feira (17) na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI) em São Paulo, foi alcançada: fazer uma aproximação para que os dois lados se conheçam melhor.
Segundo Pedro da Motta Veiga, diretor do Centro de Estudos de Integração e Desenvolvimento (Cindes) – think tank carioca organizador do evento, em parceria com o centro de estudos marroquino OCP Policy Center, com o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) e a CNI –, Brasil e Marrocos passam por um processo de adensamento de conhecimento do que cada país pode oferecer ao outro.
“Não tem muito jeito: somos países que não estávamos muito próximos, não nos conhecíamos. Agora temos que buscar possibilidades de cooperação, estabelecer prioridades dos dois lados e foi isso que tivemos aqui [no evento]”, afirmou à reportagem da ANBA. “Acho que ninguém esperava um resultado concreto assim, de imediato. Por isso o saldo foi positivo.”
O diretor destacou a composição do evento, que reuniu pessoas das áreas de governo, privada e think tanks dos dois países. “Juntar esse pessoal para discutir um tema que não está na agenda imediata do Brasil é uma conquista”, explicou.
Para o presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Rubens Hannun, a participação de pessoas importantes do Marrocos e do Brasil demonstra a relevância do evento. Para ele, um próximo passo importante seria a realização de evento semelhante no país africano.
Veiga, do Cindes, adiantou que no fim de outubro será realizado em Marrakesh, no Marrocos, o Atlantic Dialogues, evento anual organizado por, entre outras organizações, a OCP Policy Center. “Desde a primeira edição há a preocupação de convidar brasileiros, fazem um esforço muito grande. Certamente neste ano haverá uma delegação brasileira lá”, disse.
O embaixador do Marrocos em Brasília, Nabil Adghoghi, destacou ainda a discussão do país africano como porta de entrada para o continente. Segundo ele, os acordos de livre-comércio que o Marrocos tem com seus vizinhos e a política para o setor privado no continente ajudam a dar esse status ao país.
Ele ressaltou também a possibilidade de integração oferecida: “Hoje em dia não pensamos mais em qual produto vender, ou qual comprar. Um país produz 10% de um produto, o outro faz 30%, e por aí vai”, explicou, destacando os avanços que o Brasil tem nas áreas de agronegócio, automotiva e energia renovável. “O Marrocos tem potencial de crescimento justamente nas energias renováveis”, citou o embaixador.
Além do presidente Hannun, que mediou um painel e participou de outro, a Câmara Árabe participou do evento com seu diretor-geral, Michel Alaby, que fez uma apresentação sobre as relações econômicas do Brasil e Marrocos.