São Paulo – A Câmara Islâmica de Comércio, Indústria e Agricultura (ICCIA, na sigla em inglês), organização que reúne representantes do setor privado de países muçulmanos, realizou nesta quarta-feira (30) em Jeddah, na Arábia Saudita, um workshop sobre o mercado halal, de produtos e serviços voltados ao consumidor muçulmano.
O diretor-geral da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Michel Alaby, participou do seminário. Segundo dados citados no evento, o mercado mundial de alimentos halal movimenta US$ 632 bilhões por ano e a população islâmica representa um mercado de 1,73 bilhão de consumidores.
Os participantes destacaram, porém, que o conceito de halal (palavra em árabe que significa “lícito”) ultrapassa o mercado de alimentos e pode ser aplicado a outros produtos e serviços. O secretário-geral da ICCIA, Ahmed Mohiyeldin Ahmed, disse, de acordo com a Alaby, que o termo indica mais do que algo apto para o consumo dos muçulmanos, mas um produto ou serviço saudável e de qualidade.
Vários exemplos foram citados. Alaby contou que as exportações brasileiras de carne bovina e de frango aos países árabes são 100% halal, ou seja, o abate dos animais e a preparação dos alimentos no Brasil seguem tradições islâmicas. O selo de produto halal é concedido por entidades certificadoras, como o Centro de Divulgação do Islã para a América Latina (Cedial), de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, cujo presidente, Ahmad Ali Saif, também participou do seminário em Jeddah.
Outro exemplo citado por participantes do evento foi o da multinacional Nestlé, que tem mais de 200 itens com certificação halal e que mantém um centro de produção na Malásia, país que está na vanguarda deste segmento.
Foram citados também hotéis, resorts e hospitais que adotam o conceito. Alaby informou, por exemplo, que na Malásia e no Japão há hotéis “onde todos os funcionários são islâmicos e todos os produtos consumidos e materiais utilizados são supervisionados e controlados pela qualidade e selo halal”.
Nesse sentido, os participantes discutiram a possibilidade de criação de um padrão universal de certificação halal que “privilegie a saúde e a qualidade dos produtos e serviços”. “Está se tentando ter um padrão internacional baseado nos ‘standards’ da Malásia e dos Emirados Árabes Unidos”, destacou Alaby.
De acordo com o diretor-geral da Câmara Árabe, participaram do seminário representantes de países como Egito, Jordânia, Sudão, Mauritânia, Indonésia, Emirados, Arábia Saudita, Mali, Brasil e outros. A ICCIA é uma entidade filiada à Organização da Cooperação Islâmica, instituição multilateral que reúne 57 países.


