Santos – A Ordem dos Advogados do Brasil, seção de São Paulo (OAB-SP), promoveu na quarta-feira e ontem (29), em Santos, no litoral paulista, o “Simpósio sobre direito e cidadania no mundo árabe”. O evento serviu para mostrar a realidade dos países do Oriente Médio e Norte da África. Especialistas na região fizeram palestras sobre economia, política e cidadania. O embaixador da Palestina em Brasília, Ibrahim Al Zeben, fez a última apresentação e defendeu a criação do Estado Palestino, que será avaliada pelas Nações Unidas.
Organizador do evento, o advogado Carlos Tebecherani Haddad afirmou que a meta era levar informações corretas sobre os países árabes aos espectadores. “As pessoas confundem muitas coisas sobre os árabes. Queremos falar da legislação daqueles países e da influência deles na sociedade ocidental. Muitas pessoas não sabem, por exemplo, que o superávit que o Brasil tem na balança comercial com os países árabes ajuda a cobrir o déficit que temos com os Estados Unidos”, afirmou.
O CEO da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Michel Alaby, falou sobre as “Relações comerciais entre o Brasil e os países árabes”. Ele acredita que ajudou os organizadores a levar informações importantes ao público. “Eventos como esse desmistificam o mundo árabe para um público diferenciado, formado por advogados e estudantes. Alguns têm uma visão um pouco distorcida [dos países daquela região]”, disse.
Na quinta-feira, o professor adjunto da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, Paulo Farah, falou sobre literatura árabe. A diretora do Centro Cultural Árabe Sírio em São Paulo, Majda Al Shara’a, falou sobre a importância da mulher no mundo árabe. Márcia Dibb, mestre em cultura árabe, levou a apresentação “Orientalismo, a visão equivocada da mulher árabe na sociedade ocidental: o caso das odaliscas”. O professor da Facamp Ali Al-Khatib apresentou os tratados internacionais entre o Brasil e os países árabes. Na quarta-feira, as palestras trataram de direitos humanos, religião e geopolítica.
O embaixador Ibrahim Al Zeben defendeu iniciativa da Autoridade Nacional Palestina (ANP) na ONU. “Aguardamos justiça, nós queremos nosso papel na história. Não queremos mais ser chamados de terroristas, de homens-bomba. Não queremos voltar a escutar essas palavras. Queremos nosso estado ao lado de Israel”, afirmou.
Parte da plateia, de cerca de 50 pessoas, era formada por advogados, mas havia participantes de outras áreas. Estudante do segundo ano do curso de Relações Exteriores da faculdade Unilus, de Santos, Thayze Duarte afirmou que as palestras irão ajudá-la a compreender melhor o mundo. “Os países árabes são cercados de estereótipos. Sempre tive dificuldade de entender as características da região, de separar o árabe do muçulmano. Essas palestras esclareceram algumas dúvidas”, disse. Outra estudante de Relações Internacionais, Thais Rodrigues lembrou das manifestações realizadas em países da região. “Ter essas palestras neste momento é enriquecedor e esclarecedor”, afirmou.