São Paulo – O Seminário de Agronegócio Brasil & Indonésia – Verde, Sustentável e Halal (na imagem acima) atraiu nesta terça-feira (31) em Jacarta, na Indonésia, empresários, integrantes de governos e associações de classe interessados nas oportunidades de ampliação de negócios e produtos halal (que são feitos de acordo com as regras do Islã) entre o Brasil e o país do Sudeste Asiático.
Organizado pelo Projeto Halal do Brasil, uma parceria entre a Câmara de Comércio Árabe Brasileira e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), o seminário foi parte de uma missão empresarial organizada pelo Ministério da Agricultura (Mapa) e pelo Ministério das Relações Exteriores que passará, ainda, pela Índia.
O Brasil exporta, principalmente, derivados de soja e açúcar ao país asiático e tem o interesse em ampliar as vendas de carne bovina, além de vender animais vivos. À ANBA, o CEO e secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Tamer Mansour, afirmou que o seminário contou com a “presença maciça” de brasileiros e indonésios e que as perspectivas para ampliar o comércio bilateral são positivas.
“Houve debates interessantes sobre abertura de (produtos) halal para este mercado. A visita do ministro foi positiva”, disse Mansour. Ainda segundo ele, o Brasil tem condições de atender a um aumento da demanda indonésia por carne bovina e diversos outros alimentos e bebidas halal. Em seu discurso no seminário, Mansour observou que o mercado halal brasileiro representa um negócio que movimenta de US$ 5 bilhões a US$ 6 bilhões por ano entre produtos que são considerados lícitos pelo Islã.
De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, as exportações de carne bovina para a Indonésia atingiram US$ 110 milhões em 2022, um aumento de 25,3% sobre o ano anterior. No total, o Brasil exportou para a Indonésia US$ 3,1 bilhões em 2022 e importou US$ 1,8 bilhão. Nos dois sentidos da troca comercial, itens do agro são os mais comercializados.
No seminário e em reuniões bilaterais também foram discutidos a abertura do mercado de frango. A Indonésia ainda não importa frango do Brasil, mas o diretor de mercados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que representa o setor, Luís Rua, integrou a comitiva brasileira na missão empresarial. Essa negociação, avaliou Mansour, deverá demorar “um pouco mais”.
Da missão participaram, também, representantes da Associação Brasileira dos Exportadores de Animais Vivos (Abreav), da Associação Brasileira dos Exportadores de Gado Vivo (Abeg), da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne Industrializada (Abiec), e das certificadoras Fambras Halal e CDIAL Halal. Também esteve presente no seminário o vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria da Indonésia (Kadin), Juan Adoe.
“A abertura daquele mercado para a importação de animais vivos (do Brasil) também foi discutida, pois eles têm interesse em importar animais para produzir leite”, afirmou Mansour. De acordo com informações do Ministério da Agricultura e Pecuária, a Indonésia abriu seu mercado para importação de animais vivos em agosto e tem uma demanda de mais de 600 mil cabeças de gado por ano, para, entre outros motivos, recomposição de rebanho e melhoramento genético. Ainda segundo o Mapa, a regulamentação em vigor já permite que o Brasil exporte os animais para a Indonésia.
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e o embaixador do Brasil em Jacarta, George Prata, se encontraram com o vice-ministro das Relações Exteriores da Indonésia, Pahala Mansury, com quem discutiram uma cooperação técnico-científica.
Ainda na missão, os ministérios da Agricultura e Pecuária dos dois países assinaram um acordo para o desenvolvimento de vacinas contra a febre aftosa. Segundo informações do Mapa, essa parceria permitirá que a Indonésia tenha acesso às tecnologias criadas pelo Brasil para o desenvolvimento de vacinas contra a febre aftosa. O acordo é uma diretriz de implantação para certificar o fornecimento de matérias-primas e material intermediário para produzir as vacinas, gerenciar a transferência de tecnologia para a produção de kits de diagnóstico na Indonésia e aumentar a capacidade de produção e teste de vacinas locais.