Geovana Pagel
São Paulo – O setor moveleiro pode ser um dos grandes responsáveis pelo aumento das exportações brasileiras para os países árabes. Em 2002, esses países compraram o equivalente a US$ 1 milhão em móveis brasileiros. Somente no primeiro semestre de 2003, as vendas subiram para US$ 1,5 milhão. A cada ano, novas empresas da indústria moveleira, principalmente micro, pequenas e médias, apostam nesse mercado em expansão.
De 7 a 11 de outubro, 32 indústrias moveleiras do Brasil irão participar da Index, feira internacional de móveis, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. As empresas brasileiras serão coordenadas pela Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel), a Agência de Promoção de Exportações no Brasil (Apex) e a Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (CCAB). O estande terá 440 metros quadrados e levará a marca Brazilian Furniture.
Pedro Paulo Pamplona, diretor-executivo do Programa Brasileiro de Incremento à Exportação de Móveis (Promóvel), da Abimóvel, diz que "há três anos, a Câmara Árabe-Brasileira identificou o potencial do mercado e convidou algumas empresas para apresentarem seus produtos na Index".
No ano 2000, apenas cinco empresas estabeleceram os primeiros contatos em Dubai, maior pólo comercial dos Emirados Árabes. Em 2001, uma missão comercial organizada pela CCAB e pelo Itamaraty estabeleceu contatos e possibilitou a visita a fábricas e lojas, principalmente em Dubai, Riad (capital da Arábia Saudita) e no Kuwait.
No ano passado, o número de empresas brasileiras presentes na Index aumentou para 29, ocupando um estande de 250 metros quadrados.
Para reexportação
Em Dubai, o centro de distribuição funciona na zona franca de Jebel Ali. "A logística é um elemento facilitador das exportações", diz Pamplona. Segundo ele, o mercado árabe é amplo e diversificado. "Temos um segmento para o mercado interno e outro para a reexportação", explica.
O mercado para reexportação revende os produtos para uma cadeia de lojas do Golfo Arábico e aceita todo tipo de móvel, cor e acabamento. Já o mercado interno dos Emirados Árabes, de acordo com Pamplona, é altamente seletivo, valorizando muito design e acabamento. "O tamanho dos sofás e salas de jantar são maiores do que o padrão brasileiro e a tendência é valorizar o uso de tecidos com cores vivas e fortes, como amarelo-ouro, verde e vermelho", explica.
Além de identificar as principais empresas de exportação, mostrar o crescimento dos negócios com os países árabes e algumas das exigências para a negociação, o Promóvel também já trouxe quatro importadores árabes para o país. "Dois da Arábia Saudita e dois dos Emirados Árabes", explica Pamplona.
"Os contratos ainda estão em fase de negociação, mas um dos empresários já visitou o Brasil", revela.
O diretor-executivo do Promóvel acredita que o sucesso das vendas do setor moveleiro brasileiro para os árabes é baseado em dois pontos básicos: primeiro, a oferta de um produto de qualidade e com preço competitivo, que pode substituir os fornecidos pelos norte-americanos e europeus, condição cada vez mais exigida pelos árabes; segundo, a existência de uma grande abertura e simpatia em relação aos brasileiros e ao futebol, paixão nacional no Brasil e nos países árabes.
Investimento
A fábrica D´Itália Móveis, de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, um dos principais pólos moveleiros do Brasil, estabeleceu o primeiro contato com os países árabes há dois anos, na feira de Dubai.
"Nos anos de 2001 e 2002, fechamos duas vendas, de US$ 150 mil cada uma", conta Noemir Capoani, vice-presidente da empresa. Neste ano, porém, a empresa optou por não participar da Index. "Consideramos o investimento muito alto para corrermos o risco de não fechar bons contratos", explica.
Segundo Capoani, o mercado árabe existe, é promissor, mas, para a D’Itália, o ideal é negociar quantidades menores e com mais freqüência. "Nossa maior dificuldade é conseguir um representante em Dubai que não seja um investidor, que trabalhe com oportunidades, como compras grandes e com preços normalmente abaixo do valor de mercado", diz.
Outra reivindicação da empresa é ficar livre da exigência do último cliente, a de fabricar a embalagem com a marca do importador. "Queremos fabricar e exportar nossos móveis com a nossa marca", ressalta.
Já o grupo Brasília Export, formado por sete empresas brasilienses estará presente na Index, pelo quinto ano consecutivo. "Um mês atrás eu estive em Dubai para fechar mais um contrato e auxiliar na escolha dos produtos que ficarão expostos na feira", comenta o empresário José Luiz Dias Fernandez. "Estamos otimistas e acreditamos que a Index 2003 deverá alavancar novos e importantes negócios", aposta.
Contato
Abimóvel
www.abimovel.org.br