Belo Horizonte – Os caminhos para levar o badalado termo “sustentabilidade” para o setor cafeeiro foram levantados durante a Conferência Global de Sustentabilidade do Café, evento que ocorreu nesta quinta-feira (08), em Belo Horizonte, durante a Semana Internacional do Café (SIC). No painel ‘Uma jornada compartilhada: colaboração global rumo a um setor cafeeiro viável’, agentes de diferentes partes da cadeia do café mundial discutiram dificuldades nesse caminho.
“Se você não tem comida para alimentar sua família, não há meios de pensar em outras coisas. A maioria dos produtores de café do mundo não consegue cobrir os custos de produção. Estou falando de dados recentes. Nós precisamos dialogar com produtores e nos manter juntos”, declarou Juan Esteban Ordúz, membro do conselho da certificadora Rainforest Alliance, uma das principais no setor da cafeicultura. “Precisamos ter uma conversa séria e discutir a sustentabilidade econômica. Três anos atrás, estávamos discutindo sustentabilidade como uma questão climática e de água. Agora, mudamos e estamos indo para o próximo passo. Sustentabilidade econômica, social e de recursos naturais”, pontuou Ordúz durante o painel na SIC.
Em paralelo a isso, Han de Groot, diretor-executivo da Rainforest Alliance, acredita que é preciso olhar para outros segmentos da cadeia. “Ainda estamos distantes desse ideal de trabalhar junto. Antes de tudo, é importante olhar para outro agente e reconhecer que ele faz um trabalho melhor do que eu nesse ponto, então vamos nos juntar e aprender”, refletiu.
Para buscar conectar iniciativas, a Organização Internacional do Café (OIC) tem buscado parcerias. Desde que o brasileiro José Sette assumiu a direção-executiva da entidade, em 2017, foram assinados memorandos com a Aliança Internacional das Mulheres do Café (Iwca, na sigla em inglês), com a Plataforma Global do Café, que reúne entidades na busca por sustentabilidade do setor, e com a Associação Africana de Cafés Finos.
Em setembro setembro, a OIC lançou um guia para acessar financiamentos do Global Environment Facility, fundo que financia projetos ligados a questões ambientais em todo o mundo. “Há um entendimento de que falta dinheiro para apoiar iniciativas, mas não é assim. Existe dinheiro sobrando, mas muitas vezes esse dinheiro não chega porque os projetos não se enquadram [nos requisitos]. É isso que a OIC está buscando, auxiliar para que os projetos estejam preparados para receber o dinheiro”, detalhou Sette à ANBA.
O documento pretende esclarecer os governos de Países ligados à organização sobre quais iniciativas são passíveis de receber apoio financeiro e como chegar ao melhor projeto. “Pensamos, inclusive, na adequação da linguagem desses projetos. Podemos ajudar os países a se estruturar”, afirmou o diretor da OIC.
*A repórter viajou a convite da organização da SIC