Marina Sarruf
São Paulo – A indústria brasileira de cosméticos e perfumaria deve fechar o ano com um faturamento de R$ 12,9 bilhões, segundo estimativas da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec). O número representa um aumento de 17,3% em relação ao total das vendas do ano passado, que foi de R$ 11 bilhões. De acordo com o presidente da Abihpec, João Carlos Basílio da Silva, esse crescimento está relacionado com o aumento do consumo interno, à melhoria da qualidade dos produtos, os preços baixos e ao crescimento das exportações do setor. As vendas externas, de acordo com ele, devem totalizar US$ 330 milhões até o final do ano, ou 35% a mais do que em 2003.
"Nós iniciamos esse ano com uma perspectiva de crescimento das nossas exportações em torno de 20% e estamos fechando o ano com números bem superiores, chegando a casa dos 35% de crescimento. São números bem acima das nossas expectativas, com resultados muito favoráveis", afirmou Silva. Segundo ele, as importações do setor devem fechar em US$ 150 milhões esse ano, o que vai resultar em um superávit de US$ 180 milhões.
Até 2007, de acordo com Silva, a meta da indústria é atingir um superávit de US$ 350 milhões em sua balança comercial. "Pretendemos aumentar as exportações em 20% em média por ano", disse.
Segundo ele, o principal destino das exportações brasileiras são os países da América do Sul, mercado que representa atualmente 56% das vendas externas. Mas, na avaliação do executivo, com a conquista de novos mercados a participação dos países sul-americanos deve cair para 40% nos próximos dois anos. Até o ano 2000, a fatia destes mercados era superior a 70%.
Mundo árabe
No ano passado, o setor vendeu para 120 países, número que foi ampliado para 130 em 2004. Entre os novos mercados estão os países árabes, sendo os Emirados Árabes Unidos o principal destino na região. "Estamos promovendo ações muito positivas no Oriente Médio. Vamos participar pelo segundo ano da feira (de cosméticos) de Dubai (nos Emirados) e esperamos trazer resultados positivos para o ano que vem”, afirmou Silva.
Esse ano, 22 empresas brasileiras participaram da BeautyWorld Middle East, em Dubai, em um espaço de 108 metros quadrados. Segundo Silva, o espaço será dobrado em 2005. “No primeiro ano, saímos da feira com uma perspectiva de negócios de US$ 5 milhões e esperamos evoluir significativamente no ano que vem, levando 40% a mais de empresas para a feira”, afirmou o presidente da Abihpec.
De acordo com ele, os produtos mais consumidos nessa região são os para o cabelo, como tinturas, cremes e condicionadores. “A área de produtos para cabelos é a que tem dado os melhores resultados”, declarou.
No total das exportações, os produtos mais vendidos são os de higiene bucal. Até o final do ano, as exportações desse segmento devem chegar a US$ 87 milhões, um aumento de 35% em relação ao ano passado. Em segundo lugar vêm os sabonetes, com US$ 72,3 milhões e produtos para cabelos, com US$ US$ 71,5 milhões.
“O produto brasileiro têm boa qualidade e uma boa apresentação. Nós somos um setor regulado, realizamos testes de segurança eficazes. Tudo isso ajuda para que nossos produtos sejam reconhecidos no mercado externo”, completou Silva.
Diferencial brasileiro
De acordo com o presidente da Abihpec a biodiversidade brasileira é um dos diferencias competitivos da indústria local. O Brasil possui 20% da biodiversidade do mundo e tem mais de 10 mil espécies de plantas que podem ser utilizadas como insumos para produtos medicinais. Desse total, apenas 135, que têm princípio ativo para aplicação em cosméticos, foram verificadas.