São Paulo – O setor de óculos e lentes do Brasil vem se recuperando gradualmente neste ano frente aos desafios que viveu no primeiro ano de pandemia. “Houve um impacto significativo com redução de negócios. Os números de 2020 em relação a 2019 reduziram na ordem de 16,5%, recuperados parcialmente em 2021”, afirmou Ambra Nobre Sinkoc, diretora executiva na Associação Brasileira das Indústrias Óptica (Abióptica).
A recuperação tem sido puxada por óticas independentes, apontou um relatório emitido pela Euromonitor International. A empresa especializada em pesquisas e tendências, avaliou que o período de fechamento do comércio teria impactado principalmente os varejistas de médio porte, de redes com dez a 30 lojas, muitas delas localizadas em centros comerciais.
Para a Euromonitor, “o vasto potencial da indústria de óculos brasileira ainda está longe de ser alcançado”. Apesar da melhora no cenário, o agravamento das desigualdades no Brasil, somando à alta inflação, tem afastado consumidores de menor renda do mercado de óculos e lentes. Segundo a pesquisa, a oportunidade da indústria está nos grandes grupos ainda inexplorados de consumidores.
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Ainda tradicionalmente importador, o Brasil compra produtos ópticos, principalmente de países asiáticos e Europa. Apesar disso, há marcas nacionais trabalhando com itens exclusivos e buscando abrir espaço no exterior. “Existe uma produção nacional muito ligada ao design brasileiro com traços culturais interessantíssimos, principalmente em solares. Por isso, acreditamos que com investimentos nas fábricas brasileiras podemos evoluir muito em exportações deste produto, inclusive para países árabes”, acrescentou Sinkoc.
A produção local, inclusive, e tornou mais competitiva durante a pandemia. Players que contam total ou parcialmente com produção local, conseguiram manter um bom armazenamento de insumos para manter a produção contínua. É o caso de Suntech Supplies Ltda, com Hot Buttered, e da Luxottica do Brasil Ltda, com a Ray-Ban, reportou a Euromonitor.
Mais lentes
Tratando apenas de lentes, a procura cresceu na quarentena. “Houve um aumento na venda de lentes oftálmicas, pois acreditamos que as pessoas ficaram excessivamente conectadas e por isso sentiram necessidade de trocar seus óculos por lentes mais adequadas ou [tiveram] mudança de grau”, acredita Sinkoc.
A tese da diretora é corroborada por um levantamento do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO). Na pesquisa, sete em cada dez médicos entrevistados afirmaram que houve progressão de miopia em crianças durante a pandemia.
A pesquisa, divulgada pela Agência Brasil, falou com 295 médicos e foi realizada em abril e junho deste ano. Dos profissionais ouvidos, 75,6% avaliaram que o uso de diversos dispositivos eletrônicos pode agravar o quadro de miopia.