Marina Sarruf
São Paulo – A indústria eletroeletrônica brasileira quer equilibrar sua balança comercial com os países do Oriente Médio em 2005. Para tanto, o setor pretende intensificar suas ações na região, como a participação em feiras de negócios. Já esta programada para abril a presença de empresas do segmento em um evento em Amã, capital da Jordânia. Elas vão expor seus produtos em um pavilhão brasileiro ao lado de companhias de outros setores, como o de transportes e o agrícola.
Segundo o diretor de relações internacionais da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato Neto, o setor espera também conseguir uma fatia do processo de reconstrução do Iraque. "O mínimo que a gente pode esperar para o ano que vem é um empate na balança, depois podemos nos tornar superavitários", afirmou.
Apesar do déficit que existe na balança com o Oriente Médio, as exportações brasileiras vêm crescendo bastante. De acordo com informações da Abinee, as vendas para a região renderam US$ 34,5 milhões entre janeiro e outubro de 2004, contra US$ 22,2 milhões no mesmo período do ano passado, o que representa um aumento de 55,4%.
Já as importações somaram US$ 36,7 milhões nos primeiros 10 meses de 2004, ante US$ 30,8 milhões no período de janeiro a outubro de 2003, um crescimento de 19,2%.
"Estamos conseguindo ter uma presença importante no mundo árabe, o que era um dos nossos objetivos", afirmou Barbato Neto. Ele acrescentou que o crescimento das exportações para a região se deve a uma série de providências tomadas pela Abinee para ampliar o leque de mercados do setor. Uma delas foi justamente a maior participação em feiras internacionais.
Um outro aspecto que contribui para o aumento das vendas do setor, segundo Barbato Neto, foi a realização de vendas diretas para os países árabes. "Era muito mais caro para eles comprar de países europeus, por exemplo. Estamos descobrindo o mundo árabe, é um mercado excelente", afirmou, acrescentando que as empresa brasileiras perceberam que vender diretamente facilita os negócios.
Os dados da Abinee sobre o Oriente Médio incluem não só os negócios com os países árabes, mas também com Israel, o que contribui para que a balança seja deficitária para o Brasil, uma vez que, segundo Barbato Neto, os israelenses são grandes exportadores de equipamentos médicos para o Brasil.
Entre os produtos mais comprados do Oriente Médio estão componentes para equipamentos industriais, equipamentos para telefonia pública, componentes para telecomunicações e aparelhos eletromédicos. Já os mais vendidos para a região são motores e geradores elétricos, autopeças eletrônicas, ferramentas elétricas manuais e motocompressores herméticos.
Déficit se repete na balança geral
Não é só com o Oriente Médio que a balança do setor é deficitária. As vendas externas totais deverão somar US$ 5,2 bilhões até o final do ano, ante US$ 4,68 bilhões em 2003. Já as importações devem chegar a 10,95 bilhões, contra US$ 9,87 bilhões no ano passado.
Em 2003 os produtos mais exportados foram telefones celulares (US$ 1,1 bilhão), motocompressores herméticos (US$ 462 milhões) e autopeças eletrônicas (US$ 294 milhões). Os Estados Unidos continuam sendo o principal mercado.
O setor eletroeletrônico brasileiro espera fechar o ano com uma movimentação total de R$ 71,2 bilhões, contra R$ 63,9 bilhões no ano passado, um crescimento de 11%.