Dubai – A crise que atingiu Dubai em 2008 está cada vez mais distante e tanto a quantidade de obras como o preço dos imóveis estão em expansão. A afirmação foi feita nesta terça-feira (18) pelo empresário brasileiro Omar Hamaoui, dono da construtora Engeprot em Dubai, e pelo diretor da empresa de pesquisas e análise de mercados Meed Insight, Edward James. Eles falaram no seminário “Mercado da construção nos Emirados Árabes Unidos”, promovido pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), no emirado.
As palestras foram apresentadas a empresas brasileiras que participam da feira de construção Big 5 e a empresários de duas delegações, uma delas formada pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) e a outra uma parceria entre a Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) e Sindicato da Indústria da Construção Civil do Paraná (Sinduscon-PR).
James mostrou dados sobre o setor de construção dos Emirados e dos países do Golfo. Ele afirmou que a maior quantidade de obras em execução de projetos estão na Arábia Saudita e nos Emirados Árabes Unidos. O Catar também tem um mercado promissor porque será sede da Copa do Mundo de 2022 e está investindo em projetos de infraestrutura.
Dubai concentra a maior quantidade de obras nos Emirados. Segundo James, 15% dos contratos de construção do Golfo são de obras em Dubai. A participação da cidade deverá crescer ainda mais nos próximos anos porque Dubai investirá US$ 8 bilhões na infraestrutura para receber a Expo 2020, feira mundial que tem duração de seis meses e da qual participam diversos países.
No total, segundo James, há US$ 2,4 trilhões em projetos de construção em todo o Golfo. A quantidade de novos contratos está crescendo desde 2010 e a quantidade de obras paradas está caindo, o que demonstra uma retomada do setor. “O setor de construção no Golfo está se expandindo de novo”, afirmou James.
Hamaoui apresentou aos empresários sua experiência como construtor em Dubai. Ele abriu sua empresa na cidade em 2004, após visitar a feira Big 5 de 2013, com apoio da Câmara Árabe. Segundo o empresário brasileiro, ter uma empresa neste setor nos países árabes tem custos e burocracia, pois o mercado tem grande fiscalização.
É preciso ter um sócio local e obter financiamento também tem desafios, pois o custo do empréstimo cai à medida que a empresa comprova, com o passar do tempo, que é capaz de cumprir com os compromissos financeiros acordados. Ainda segundo Hamaoui, todos os projetos são submetidos a uma rigorosa análise dos órgãos reguladores antes de ser aprovados.
Superadas as barreiras, no entanto, a chance de sucesso é grande. “O mercado é promissor. A crise passou, as empresas estão se recuperando. Esperamos que já no começo de 2015 teremos um mercado mais saudável em preços e pagamentos”, disse o brasileiro. Ele observou, porém, que para quem deseja ser incorporador (responsável por todas as etapas da obra), o investimento mínimo é de aproximadamente US$ 15 milhões e o prazo para obter os primeiros contratos é de dois anos.
Bolha imobiliária
Dubai sofreu, em 2008, com uma crise de dívida e de bolha imobiliária em que os imóveis de valorizavam rapidamente e eram vendidos a preços supervalorizados pela especulação imobiliária. Segundo James, o risco de que isso aconteça novamente é bem menor, pois diversas medidas foram adotadas para evitar este efeito no mercado.
James observou também que o projeto de crescimento e Dubai é de longo prazo, afirmou que o emirado depende pouco das receitas obtidas com exploração de petróleo e que seu plano de crescimento está apoiado em setores como o marketing e o turismo. Como exemplo, citou que no ano passado, o maior shopping do mundo, Dubai Mall, recebeu 77 milhões de visitantes.
A expansão do setor imobiliário no Golfo se deve ao crescimento do número de turistas e ao crescimento da população. O desempenho do setor na região também tem relação com os gastos com infraestrutura de escolas e hospitais, além de residências populares que os países tiveram a partir da primavera árabe.
O presidente da Câmara Árabe, Marcelo Sallum, afirmou no fim do seminário que há oportunidades promissoras nos Emirados, na Arábia Saudita e no Catar a empresas que desejarem atuar neste setor no Golfo. Ele também observou que o empresário brasileiro mostrou às delegações quais são as dificuldades e oportunidades que o empreendedor pode encontrar na região. Sallum reconheceu o papel da Câmara Árabe na iniciativa de Hamaoui investir em Dubai. “A história dele é resultado de sua participação na Feira Big 5, com a presença e participação da Câmara Árabe”, disse. Da Câmara Árabe também acompanharam o evento o vice-presidente de Comércio Exterior, Rubens Hannun, e o diretor-geral, Michel Alaby.
Feira Big 5
Nesta terça-feira, as empresas brasileiras que participam da Feira Big 5, de construção civil, receberam visitas e fizeram contatos com possíveis clientes de países do Oriente Médio, África e Ásia. Negócios ainda não foram fechados, mas os representantes das oito companhias que participam da mostra afirmam que deverão ter pedidos em decorrência deste evento nos próximos meses. O estande brasileiro é organizado em parceria entre a Câmara de Comércio Árabe Brasileira e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil).


