Alexandre Rocha
São Paulo – Representantes de 15 empresas brasileiras do ramo de equipamentos médicos, hospitalares e odontológicos vão participar entre os dias 18 e 21 de janeiro de 2004 da Arab Health, feira do setor que será realizada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. De acordo com o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (Abimo), Djalma Luiz Rodrigues, será a primeira participação de empresas brasileiras na feira.
“O Brasil tem excelentes opções de equipamentos para o mercado árabe. Deveríamos até ter ido antes. Mas agora amadurecemos mais e a nossa participação vai ocorrer na hora certa”, disse ele.
De acordo com informações do site oficial do evento (www.arabhealthonline.com), a Arab Health é a maior feira do setor no Oriente Médio e deve reunir cerca de mil expositores de 50 países. Segundo Hely Audrey Maestrello, diretor-excutivo da Abimo, são esperados 25 mil visitantes e a comitiva brasileira contará com 30 pessoas.
No ano passado, a Arab Health teve mais de 19 mil visitantes, sendo que 73% deles eram provenientes dos países do Golfo Pérsico e o restante de outros países do Oriente Médio, da África, Europa e Índia.
Rodrigues espera alcançar futuramente em Dubai desempenho semelhante ao exibido pela indústria brasileira na feira médica de Dusseldorf na Alemanha.
No ano passado, participaram 13 empresas, com 30 pessoas, em um espaço de 210 metros quadrados. Este ano, a comitiva brasileira no evento alemão, que será realizado entre 19 e 22 de novembro, contará com 32 empresas, 107 pessoas, em um estande de 400 metros quadrados.
O evento em Dubai não será, porém, o primeiro contato com os árabes. Rodrigues disse que empresários árabes foram convidados, e compareceram, à feira Hospitalar realizada em junho em São Paulo. “Eles tiveram a oportunidade de trazer informações sobre suas empresas, de ver as nossas. Foi um contato realizado maravilhosamente e que vem crescendo”, afirmou.
Até pouco tempo, segundo o presidente da Abimo, cada empresa do setor desenvolvia sua carteira de clientes internacionais por conta própria, a diferença é que agora isso está sendo feito em bloco.
Os contatos mais estreitos se justificam porque as exportações do setor para o mundo árabe ainda são pequenas, segundo Rodrigues.
Os principais clientes são os países da América Latina “como um todo”. Ele acredita, porém, que os produtos brasileiros têm chance de conseguir uma fatia dos mercados árabes pois, além de incorporarem os “avanços tecnológicos, têm preços extremamente atrativos”.
Além disso, Rodrigues disse que muitos equipamentos são certificados para venda na União Européia e várias empresas oferecem serviços de treinamento técnico para que os clientes árabes possam cuidar dos serviços de manutenção.
Argélia: US$ 15 milhões
Já como parte desta estratégia de conquista do mundo árabe, o executivo Wagner Mazolli participou como representante da Abimo da missão comercial à Argélia, chefiada pela ministra das Minas e Energia, Dilma Roussef, no início de setembro. Ele disse que os árabes são “grandes negociadores”, e o preço competitivo dos produtos brasileiros torna-se um trunfo.
Mazolli acredita que os contatos feitos na Argélia podem resultar em negócios na ordem de US$ 15 milhões dentro do prazo de um ano. “Foi uma viagem muito interessante, o despertar para um mercado ainda inexplorado. Só uma empresa brasileira de produtos odontológicos tinha um representante lá. É um mercado dominado pelos franceses, mas muito interessante para o Brasil”, declarou.
Segundo ele, os produtos brasileiros conseguem entrar com facilidade na Argélia, pois não existem barreiras para equipamentos do setor. “Existe potencial para toda a área médica. Fizemos contato com umas 10 empresas interessadas em comprar incubadoras, UTIs neonatais, esterilizadores, instrumentos ortopédicos e aparelhos de raios-X”, afirmou ele.
Perfil
A Abimo reúne 269 empresas do setor, que no ano passado faturou mais de US$ 1,5 bilhão e exportou pouco mais de US$ 171 milhões. O déficit na balança comercial do ramo é grande. Em 2002 o Brasil importou mais de US$ 918 milhões em equipamentos. O volume de exportações, no entanto, vem aumentando. Entre janeiro e setembro deste ano, foram exportados US$ 140 milhões, 17% a mais do que no mesmo período do ano passado.
Desde 2002, a Agência de Promoção de Exportações do Brasil (Apex) vem desenvolvendo um “programa setorial integrado” em conjunto com a Abimo. A meta é gerar um crescimento de 20% nas exportações até março de 2004. O setor gera hoje cerca de 34 mil empregos diretos.