Geovana Pagel
São Paulo – Para garantir qualidade e competitividade e assim ampliar as vendas para o mercado externo, o setor óptico brasileiro, que deve faturar R$ 850 milhões em 2004, começa a se organizar internamente. Para o próximo ano, está prevista a formação de um consórcio de exportação no segmento de armações.
Dados da Associação Brasileira de Produtos e Equipamentos Ópticos (Abiótica) mostram que em 2003 o mercado de produtos e equipamentos ópticos nacional importou US$ 62,2 milhões e exportou US$ 17 milhões. Já para este ano, a estimativa é de que importe cerca de US$ 60 milhões e exporte US$ 20 milhões.
“A balança comercial continua desfavorável porque o valor das importações de grifes é muito alto”, disse o presidente da Abiótica, Synésio Batista da Costa.
Até o ano passado, as armações eram o produto mais exportado. Este ano, porém, as vendas de lentes de contato conquistaram a liderança, informou Costa.
“Hoje o setor ainda passa por um período de organização do mercado interno. Estamos justamente cuidando de vários aspectos, principalmente no que se refere a qualidade, para depois iniciarmos uma estratégia de vendas externas”, explicou.
Os principais mercados dos produtos ópticos brasileiros para exportação atualmente são Estados Unidos e Europa, mas a entrada nos países árabes do Oriente Médio e Norte da África é bem-vista pelo presidente da Abiótica. Existe, porém, segundo ele, a barreira da concorrência com grandes grifes internacionais:
“O Brasil ainda não fez incursões no mercado árabe. Como eles têm alto poder aquisitivo, são atendidos principalmente pela Itália e Estados Unidos. Justamente por este grande potencial de compra, as grifes mais famosas acabam tomando conta da região. Para disputar aquele mercado, ainda precisamos nos qualificar muito”, comentou.
Armação de ouro maciço
A De Laurentis Comércio de Produtos Ópticos, com sede em São Paulo, porém, já tem a sua própria estratégia para conquistar o mercado dos países árabes do Oriente Médio. Desenvolveu um óculos com armação em ouro maciço (18K), apresentado, pela primeira vez, na feira da Abiótica do ano passado.
É um produto com a cara desse mercado, diz Paulo Sérgio De Laurentis, um dos proprietários da empresa. O modelo foi desenvolvido depois de seis anos de pesquisa pelo ourives brasileiro Ortega, criador da marca Ortega Gold.
“Nosso objetivo é colocá-lo primeiro nas lojas do Brasil. Futuramente queremos conseguir algum representante no exterior. Os países árabes, por exemplo, são potenciais importadores, devido ao seu alto poder de compra e bom gosto”, afirmou.
De acordo com o empresário, um dos diferenciais desse modelo de óculos são as plaquetas também em ouro maciço, que os tornam sofisticados e originais. “Outro benefício proporcionado pelas hastes e plaquetas de ouro é sua ação anti-alérgica”, explicou.
"Todos os óculos são confeccionados dentro dos mais rigorosos padrões internacionais de qualidade. Com polimento 100% manual, totalmente isentos de qualquer banho, os óculos mantêm sua cor original ao longo dos anos”, completou. O preço médio da "jóia" é de R$ 5.000,00 nas lojas.
Contra pirataria e falsificação
Uma das principais metas do setor de produtos ópticos nacional é hoje combater a pirataria e falsificação. Em 2003, os produtos falsificados eram 60% do mercado nacional. Será, sem dúvida, um passo importante para tentar aumentar a participação no comércio exterior.
De acordo com o presidente da Abiótica, a expectativa para 2004 é de que haja uma redução neste índice já como resultado da aplicação do Selo Abiótica de Origem e Segurança, apresentado durante a feira Abiótica 2004, no início de julho, em São Paulo.
“Este índice de participação deve cair para 50% ainda neste ano. É claro que ainda é um número muito alto, mas já iniciamos a caminhada rumo à moralização total do nosso setor, estamos dando os primeiros, mas importantes, passos neste sentido e trabalharemos para que em cinco anos este mercado esteja formalizado”, explicou Costa.
Contato
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