Brasília – O setor privado tem expectativa de um protagonismo maior na questão do clima a partir das promessas de que a próxima Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30) seja a COP da implementação de planos e ações. A disposição de ter mais vez e voz na agenda do clima foi demonstrada pelo empresariado nesta quarta-feira (15) no seminário “Pré-COP30: O Papel do Setor Privado na Agenda de Clima”, promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em Brasília.
Em sessão da reunião ministerial preparatória da COP na terça-feira (14), um dos consensos foi a urgência de implementar planos de adaptação globais que produzam resultados efetivos contra a mudança do clima. Falando no seminário da CNI sobre essa necessidade da implementação, Dan Ioschpe, Campeão de Alto Nível da COP30, destacou o papel do setor privado nisso. Ele disse que países estão vendo que o que foi decidido no Acordo de Paris precisa da sociedade não governamental para ser implementado.

O superintendente de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, Davi Bomtempo, falando no encontro de Brasília, também abordou a COP da implementação. “É uma COP que precisa do setor privado, do setor privado forte, do setor privado engajado”, disse. A CNI criou a iniciativa Sustainable Business COP (SB COP), por meio da qual reuniu o empresariado mundial e levou as demandas do setor privado para a COP30. O documento com recomendações foi entregue para a presidência da conferência. A SB COP também vai levar cases de negócios sustentáveis à conferência e apresentar na COP30 documento sobre legado para o Brasil.
O setor privado apresentou para a COP30 um total de 23 propostas, entre elas a meta de triplicar a capacidade instalada de energia renovável até 2030, o alinhamento dos mercados globais de carbono, a aceleração da transição energética, a promoção do apoio financeiro para enfrentar a crise climática e o fortalecimento das cadeias de valor sustentável. O setor privado espera que suas pautas sejam colocadas em discussão na COP30. A conferência é protagonizada pelos governos, orquestrados pela ONU.
Abrindo o dia, o presidente da CNI, Ricardo Alban, enfatizou a importância do setor privado na questão climática. Ele questionou terem ocorrido já uma série de COPs sem um mecanismo de participação voltado ao setor privado. “Como é que nós podemos ter uma série de COPs discutindo e não termos um mecanismo de sermos cúmplices desse processo já que vamos ser os maiores pagadores das responsabilidades. Não faz sentido. A melhor forma de você ter uma coesão, participação, uma convergência, uma complementariedade, é você ser cúmplice”, disse, abordando, na sequência, a criação da SB COP como possibilidade de ampliar a contribuição das empresas nas discussões.

Participaram da discussão da CNI uma série de especialistas e autoridades, entre eles Hailton Madureira, secretário-executivo do Ministério das Cidades, Ricardo Mussa, chair da Sustainable Business COP, Alex Carvalho, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa), Marcelo Thomé, presidente do Instituto Amazônia+21, entre outros. Madureira falou que será lançado na COP um fundo para ajudar as cidades brasileiras a financiarem projetos sustentáveis.
A Câmara de Comércio Árabe Brasileira acompanhou as discussões por meio da participação da diretora de Relações Institucionais da entidade, Fernanda Baltazar. Outras personalidades ligadas ao mundo árabe também estiveram na conferência, entre elas a representante-chefe e CEO para a América Latina no First Abu Dhabi Bank, Angela Martins. A Câmara Árabe apoia a SB COP e integra o projeto, assim como também participa da iniciativa a União das Câmaras Árabes.
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