São Paulo – O setor produtivo aposta em um cenário positivo para a economia brasileira. O boletim Sensor Econômico, divulgado nesta quinta-feira (29) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em São Paulo, aponta que as exportações brasileiras devem render US$ 180 bilhões em 2010, ante US$ 153 bilhões no ano passado. As projeções de crescimento do PIB, geração de empregos e investimentos também foram revistas para cima.
Nos dois primeiros meses do ano, a pesquisa apontou que as exportações brasileiras iriam gerar US$ 170 bilhões; nos meses de março e abril, a projeção passou para US$ 175 bilhões e, no terceiro bimestre do ao, subiu para US$ 180 bilhões.
Em relação às importações, a previsão do terceiro bimestre do ano aponta para US$ 160 bilhões, repetindo a estimativa que já havia sido divulgada nos meses de março e abril. Em janeiro e fevereiro, a previsão divulgada não passou de US$ 155 bilhões.
"Hoje as exportações crescem numa velocidade menor que as importações, mas o saldo da balança comercial deve ser novamente positivo", afirmou o diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do instituto, João Sicsú.
Segundo ele, o setor produtivo vem elevando a taxa de crescimento do PIB ao longo do ano. O boletim do terceiro semestre prevê que a taxa de crescimento, em termos reais, será de 6,5% em 2010. Nos dois primeiros meses do ano, a previsão de crescimento divulgada foi de 5,2%; nos meses de março e abril foi de 5,5%.
O boletim prevê ainda geração de 1,55 milhão de empregos neste ano. A estimativa dos dois bimestres anteriores apontava para uma geração de 1,5 milhão de vagas. “A construção civil, por exemplo, era um segmento com baixo grau de formalização que cresceu muito nos últimos anos e contribuiu para esse recorde na geração de empregos”, disse Sicsú.
No que se refere aos investimentos, a expectativa das entidades para a taxa de crescimento é de 15%. “Normalmente o investimento é de quase três vezes o crescimento do PIB. Portanto, essa previsão de crescimento de 15%, contra os 6,5% de crescimento do PIB, está dentro do que tem acontecido nos últimos tempos”, completou.
Duas vezes ao ano, nos meses de abril e outubro, a entidade divulga a expectativa em relação ao crescimento do PIB para os próximos cinco anos. De acordo com o dado divulgado no último mês de abril, a taxa média de crescimento a cada ano, em termos reais, nos próximos cinco anos será de 4,5%.
Em relação à expectativa de inflação, o diretor do Ipea disse que as entidades esperam aumento de 5,5% e elevação da taxa básica de juros até 11,5%. A Selic está hoje em 10,75%. A pressão inflacionária vem principalmente de setores como transporte público, alimentos, material escolar e produtos de higiene pessoal. “Mas pode ser que isso se dissolva, porque o aumento do consumo de alimentos e bebidas, por exemplo, é um indicador positivo e não há nenhuma pressão inflacionária em vista”, afirmou Sicsú.
“Nós estamos vivendo o melhor momento econômico dos últimos 25 anos”, afirmou o diretor. “A inflação está confortavelmente dentro da meta do Banco Central. Nunca tivemos a situação de nenhuma dívida externa nem dívida interna dolarizada. Nossa situação externa tem solidez e não há dívidas com o FMI, o país tem autonomia e tempo para enfrentar crises e decidir o rumo que vai tomar”, completou.
Além disso, segundo o diretor, o país registrou crescimento com distribuição de renda, aumento do salário mínimo e aumento da formalização do trabalho. “Temos uma perspectiva extremamente positiva num cenário macroeconômico para os próximos dois ou três anos”, garantiu.
O boletim
O boletim divulga perspectivas dos principais indicadores macroeconômicos para o ano, de acordo com previsões feitas por entidades associativas do setor produtivo, como associações e federações da indústria, comércio e agropecuária; entidades representativas de trabalhadores; e uns poucos institutos ou centros de estudos de caráter setorial. O questionário bimestral é respondido por cerca de 70 instituições. O Ipea faz oito perguntas e divulga a resposta mediana.