São Paulo – As exportações brasileiras da cadeia têxtil e de confecção, sem considerar as fibras de algodão, renderam US$ 675 milhões no primeiro semestre do ano, representando um crescimento de 20% em relação ao mesmo período do ano passado. Em volume, o crescimento foi de 7,2%, totalizando 143 mil toneladas.
Já importações brasileiras, no mesmo período, somaram US$ 2,25 bilhões e 558 mil toneladas, apresentando crescimento de 40,2% em valor e de 63,3% em volume. Como resultado, a balança comercial do setor fechou o primeiro semestre com déficit de US$ 1,5 bilhão, contra US$ 972 milhões registrados no primeiro semestre de 2009.
Apesar do déficit, os números mostram uma recuperação das vendas externas do setor. “As exportações cresceram num momento difícil, com câmbio desfavorável e mercados consumidores ainda retraídos em função da crise”, disse Fernando Pimentel, diretor superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT).
Segundo ele, hoje as exportações do setor estão mais concentradas em produtos tecnológicos, como tecidos impregnados e “não tecidos” (utilizados, por exemplo, para fazer aventais descartáveis). No entanto, o ideal seria o país exportar mais vestuário, que é o elo da cadeia produtiva com grande valor agregado e cujas atividades afetam todos os demais segmentos, como fiações, tecelagens e malharias.
“O quilo dos ‘não tecidos’ é exportado por US$ 2,66 e o quilo do vestuário chega a US$ 39,00. É uma diferença muito grande, por isso precisamos nos esforçar mais para vender o produto acabado”, afirmou.
De acordo com Pimentel, ao longo do primeiro semestre houve crescimento na área de tapetes e carpetes, e rendas e bordados. Na avaliação do diretor, o país tem plenas condições de crescer muito no mercado externo.
“O Brasil é o quinto maior produtor do mundo, tem um potencial enorme para atender o mercado internacional, de 6 bilhões de pessoas”, destacou. Até o final do ano, o setor deve exportar US$ 1,5 bilhão. A meta é chegar a US$ 6 bilhões num prazo de seis a sete anos. “As empresas já estão fazendo a sua parte. Agora falta as autoridades desenvolverem políticas macro que criem condições favoráveis ao setor e garantias de competitividade”, afirmou. “O Brasil tem condições de voar nesse mercado. Tem qualidade, tecnologia, design, estilo.”
Hoje os principais mercados de destino do setor são Argentina, Estados Unidos, México, Venezuela, Paraguai e países da União Européia. Os países árabes, localizados no Oriente Médio e Norte da África, respondem por 5% das exportações gerais do setor, mas há interesse do segmento em aumentar essa participação.