São Paulo – A historiadora e diretora cultural da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Silvia Antibas (foto acima), recebeu nesta segunda-feira (30) o prêmio Unesco-Sharjah para a Cultura Árabe. A brasileira foi contemplada com a honraria em 2019, mas em decorrência na pandemia de covid-19, a cerimônia de entrega foi realizada apenas neste ano, em Paris, na França.
Sharjah é um dos sete emirados dos Emirados Árabes Unidos. O prêmio é realizado por Sharjah e pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como um reconhecimento a quem trabalha para disseminar o conhecimento da arte e cultura árabe no mundo.
Em Paris, Antibas agradeceu o prêmio, ressaltando a importância da comunidade árabe no Brasil. “[Os imigrantes árabes] trouxeram em suas malas, sua tradição, cultura, gastronomia e língua. Isso é agora parte da sociedade moderna brasileira. Muitos deles agora são advogados, médicos, artistas, engenheiros, arquitetos, empresários, esportistas, acadêmicos, políticos e influencers digitais”, disse.
A historiadora tem ascendência síria por parte do pai, que nasceu em Antióquia, na Síria, atual Turquia, e libanesa por parte materna. “Eu sou uma brasileira de origem árabe. Sou historiadora e sempre tive muita curiosidade sobre meus lados orientais e ocidentais. Eu queria saber mais e decidi pesquisar e muitas das respostas sobre mim vieram da arte e cultura”, disse ela na cerimônia.
A brasileira começou sua história com a Câmara Árabe ao ser convidada para escrever um livro sobre a instituição. Posteriormente, foi chamada para assumir a diretoria de cultura da Câmara Árabe, onde hoje leva adiante vários projetos ligado ao universo cultural árabe. Antibas participou da criação da Casa Árabe, o braço que cuida de assuntos de cultura e imigração na entidade, e é uma das pessoas que lidera na Câmara Árabe um projeto de digitalização da memória da imigração árabe no Brasil.
São Paulo
Antes disso, a historiadora já ocupou cargos como o de diretora do Departamento de Museus e Arquivos (Dema) e coordenadora da Unidade de Difusão Cultural, Bibliotecas e Leitura da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo. Foi como servidora do Estado de São Paulo que Antibas participou da construção e inauguração da Sala São Paulo, do restauro da Pinacoteca do Estado de São Paulo, da criação dos museus da Língua Portuguesa e do Futebol e bibliotecas de São Paulo e Parque Villa-Lobos.
Entre os projetos de Antibas também há a curadoria de eventos e a promoção de escritores brasileiros de origem árabe nos países do Oriente Médio e do Norte da África. Ela também pesquisa sobre a influência da música árabe na música brasileira, tema sobre o qual falou durante a cerimônia de entrega do prêmio da Unesco e a respeito do qual recorrentemente é chamada para falar em eventos e workshops.
O artista palestino Suleiman Mansour também recebeu o prêmio na cerimônia em Paris nesta segunda-feira. A premiação é dada a cada dois anos, desde 1998, a duas pessoas, grupos ou instituições. Após a 17ª edição, na qual Antibas e Mansour foram os escolhidos, o prêmio Unesco-Sharjah para a Cultura Árabe teve outras edições. Na 18ª, as vencedoras foram a escritora e poeta Dunya Mikhail, que é de origem iraquiana e mora nos Estados Unidos, e a atriz sueca de origem sírio-iraquiana Helen Al-Janabi.