Geovana Pagel
São Paulo – A abertura econômica da Síria representa uma oportunidade para os empresários brasileiros ampliarem e desenvolverem novos negócios. O país árabe está à procura de parceiros para diversos setores, de energia a alimentos e máquinas agrícolas. "Esta abertura econômica da Síria permite investimentos estrangeiros, sem contar que o país vive um desenvolvimento do ponto de vista industrial, dando prioridade à compra de bens de capital e matérias-primas", afirma Michel Alaby, secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe Brasileira (CCAB).
De acordo com Alaby, esta é uma ótima oportunidade para que os brasileiros invistam no exterior e consolidem sua presença no mercado sírio. Além disso, segundo ele, o país faz fronteira com o Iraque, o que permite operações de comércio. Nos últimos cinco anos a corrente comercial entre o Brasil e a Síria cresceu 558%, passou de US$ 25,3 milhões em 2000 para US$ 166,6 milhões em 2004. Neste período, houve um aumento de 638% nas exportações brasileiras e de 50% nas importações.
Em 2004, as importações totais da Síria alcançaram US$ 5,4 bilhões. O Brasil exportou US$ 161 milhões, ou seja, a participação brasileira foi de 3%, o que demonstra o enorme potencial a ser desenvolvido. A pauta de exportações brasileiras para a Síria é formada por açúcar, café, caminhões, tratores, bombas centrífugas, chassis de caminhões, soja e automóveis. Já as importações são formadas basicamente por naftas para petroquímica, sementes de cominho e de anis, tomilho e louro, óleo de gergelim, alcaparras, azeitonas em conserva, máquinas e aparelhos para indústria de panificação.
Os produtos brasileiros que têm potencial no mercado sírio são alimentos, máquinas e equipamentos agrícolas, automóveis, autopeças, equipamentos elétricos, materiais de construção, matéria-prima para cosméticos e higiene pessoal, equipamentos médicos e odontológicos, entre outros.
A fabricante de máquinas e equipamentos para extração de óleo vegetal, Tecnal, é uma das 210 empresas brasileiras que exportam para a Síria hoje. "Começamos a exportar para a Síria há cerca de dois anos, logo após uma visita de negócios ao país. Desde então já exportamos para duas fábricas de óleo e estamos negociando um segundo projeto de exportação para um destes clientes", contou o gerente de exportações da empresa, Lauro Mendonça.
Segundo ele, os equipamentos foram utilizados na ampliação e modernização das fábricas sírias. Além disso, segundo Mendonça, em abril a empresa foi convidada a participar de uma concorrência para a construção de silos metálicos no país árabe. "Não participamos porque não é nosso mercado. Como foi indicação de um de nossos clientes sírios, foi possível perceber que, depois do primeiro contrato, os negócios vão surgindo. Há muitas oportunidades de investimentos por lá", garantiu.
Feira
Uma das oportunidades de contato direto com as oportunidades de negócios e investimentos na Síria será a 52ª Feira Internacional de Damasco, que acontece de 3 a 12 de setembro de 2005, na capital do país árabe. "A feira é uma grande oportunidade para estreitar ainda mais o relacionamento entre brasileiros e sírios", garantiu Alaby.
A feira ocupa um espaço de cerca de 1,2 milhão de metros quadrados e recebe mais de 4,5 mil expositores, sendo que cerca de 55% dos expositores são estrangeiros. Neste ano o estande brasileiro vai ocupar uma área de 100 metros quadrados.
Além de atender à demanda do mercado sírio, a feira costuma contar com visitas de empresários de diversos países da região. Além do Iraque, a Síria faz também fronteira com o Líbano, a Jordânia e a Turquia e possui saída para o Mar Mediterrâneo.
Perfil
A Síria tem um Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 22,1 bilhões e uma população de 18 milhões de pessoas. Suas principais indústrias são a petrolífera, alimentícia e têxtil. Em 2004, a corrente comercial entre o Brasil e a Síria foi US$ 166,6 milhões, registrando um crescimento de 114% em relação a 2003. Os principais fornecedores do país são: Itália, Alemanha, China e França.