Rio de Janeiro – Os principais desafios para que uma pequena ou média empresa passe a vender seus produtos internacionalmente e o papel das câmaras de comércio na facilitação dos processos foram assuntos do workshop “PMEs para o mundo: câmaras como facilitadoras e parceiras”, que teve a participação de Khalid Al Hajri (com microfone, na foto), membro do conselho da Câmara de Comércio e Indústria do Catar. O seminário ocorreu nesta quinta-feira (13), segundo dia do 11º Congresso Mundial de Câmaras, no Rio de Janeiro.
Hajri disse que somente 8% das pequenas e médias empresas (PMEs) do Catar exportam seus produtos. Em entrevista à ANBA, o executivo informou sobre o trabalho da Câmara do Catar com as pequenas e médias. Os principais setores elegíveis para exportação, segundo ele, são os de tecnologia e inovação. “Nós tentamos encontrar a informação correta para esses pequenos negócios, para que os empresários conheçam o mercado e seu público-alvo, para fazermos o matching. Damos essas informações, passamos os estudos de inteligência de mercado, auxiliamos com qualquer necessidade que tenham em termos de negociação, ou de entender como funciona o mercado em determinados países, fazemos de tudo pra que a combinação entre a empresa e o novo mercado seja a melhor possível. Este é o tipo de coisa que fazemos”, disse.
Os outros painelistas foram o embaixador José Luis Cancela, representante uruguaio na Organização Mundial do Comércio (OMC); Renata Malheiros Henriques, gerente sênior do departamento de empreendedorismo do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae); Fernando Hurtado, presidente da Câmara de Comércio de Santa Cruz, na Bolívia; Reinaldo Manoel de Lima, vice-gerente da unidade de financiamento comercial do Banco do Brasil; Mathieu Loridan, analista de mercado do Centro de Comércio Internacional (ITC); Volker Treier, vice-CEO da Associação de Câmaras de Comércio Alemãs (DIHK); Arancha González, diretora executiva do ITC; e a moderadora Emmanuelle Ganne, analista sênior da OMC.
Para Treier, as pequenas empresas deveriam ser isentas de algumas taxas e custos para facilitar o acesso ao mercado externo. “O nacionalismo e o protecionismo atrapalham as PMEs no processo de internacionalização”, disse.
Reinaldo de Lima falou sobre as facilidades de empréstimo para PMEs no Banco do Brasil. Arancha González finalizou o painel dizendo que os três pilares para internacionalizar as pequenas empresas são “reduzir custos, criar confiança e mudar a cultura”. Ela convidou todas as câmaras de comércio a utilizar a plataforma Trade Help Desk, ferramenta de inteligência de mercado que está no ar em versão beta, livre de custos.
Mulheres
Segundo Renata Henriques, as mulheres têm maior dificuldade de manter negócios no Brasil. “As mulheres representam 50% dos novos negócios, mas este número cai para 34% quando avaliamos empresas de mais de três anos. É uma questão cultural”, disse. Segundo ela, uma grande oportunidade de investimento para as mulheres está na área digital. “Hoje em dia, muitas mulheres estão empreendendo no digital por não haver tanto impacto cultural – sendo bem clara, as pessoas não veem quem está vendendo, o preconceito acaba sendo reduzido”, avaliou. Ela disse que o Sebrae tem um projeto para ajudar as mulheres a manterem seus negócios. Segundo a executiva, 99% das empresas brasileiras são pequenos negócios.
Arancha González completou: “No mundo, vemos que esse problema persiste. As mulheres fazem o trabalho não-remunerado da família e ainda trabalham fora, este é um ponto. Outra questão é que, no digital, elas se adaptam melhor por não precisarem de uma grande infraestrutura”, informou. Henriques falou sobre o programa Startup Brasil e reiterou que as câmaras de comércio estão em uma posição de ajudar as empresas brasileiras.
O Congresso Mundial de Câmaras termina nesta sexta-feira (15).