Dubai – Uma empresa brasileira que cria tecnologias gamificadas para o desenvolvimento de crianças e adolescentes com autismo. Esta é a Jade Autism, uma das startups brasileiras que participou da edição 2021 da Gitex Future Stars, a maior feira de startups da região do Oriente Médio, Norte da África e Sul da Ásia. Foi a segunda participação da empresa no pavilhão do Brasil na feira, organizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), que este ano trouxe dez startups. Na edição do ano passado, que ocorreu em dezembro, a Jade ganhou o prêmio Supernova na categoria Melhor Impacto Social e Ambiental.
Desde então, a Jade Autism chamou a atenção de investidores da região do Golfo e foi acelerada pela Hub 71, a maior incubadora de aceleração de startups dos Emirados Árabes Unidos, que fica em Abu Dhabi. A empresa que nasceu em 2018 no Espírito Santo hoje oferece os serviços em quatro idiomas, português, inglês, espanhol e árabe, e já conta com mais de 100 mil downloads em 179 países.
A ANBA esteve na Gitex Future Stars nesta semana e conversou com Marcus Cunha (foto acima), diretor de marketing e operações da empresa. Segundo ele, a partir dos jogos oferecidos para as crianças, seu comportamento é analisado de diversas formas e é criado um relatório de prognóstico, tanto para a área de saúde quanto para a área de educação, mostrando as principais dificuldades da criança e fazendo uma análise comportamental. “A partir dessas informações, esses profissionais (professores, psicólogos, terapeutas ocupacionais) terão mais ferramentas para transformar o tratamento da criança”, disse.
O aplicativo também faz o acompanhamento junto à criança, para saber se a metodologia indicada está dando resultados, e se não, pode ajustar o método em tempo real. “Isso muda completamente a vida dessas crianças, porque o que se tem hoje é uma forma mais pasteurizada de tratamento, mas cada pessoa tem necessidades diferentes, cada autista é único, e uma medicina personalizada pode trazer uma maior qualidade de vida”, disse Cunha.
A Jade Autism oferece três tecnologias, sendo um software terapêutico, voltado à saúde da criança; um software educacional e o Autism Tracking, que faz o rastreio da possibilidade de a criança ser autista.
O software terapêutico é utilizado por clínicas, psicólogos e terapeutas ocupacionais; o educacional é utilizado em escolas, e o Autism Tracking é recomendado para ser utilizado por médicos, para efetuar um laudo em uma única consulta. “Ele também pode ser utilizado por um psicopedagogo na escola, que é geralmente onde se detecta os primeiros sinais de autismo”, disse cunha. As escolas e clínicas pagam pela assinatura mensal dos softwares.
Cunha afirmou que 80% do aplicativo é gratuito e pode ser utilizado pelas famílias dessas crianças, geralmente de baixa renda ou em situação de vulnerabilidade. Não é necessário ter internet para jogar.
Os Estados Unidos são o maior mercado da Jade, e segundo Cunha, este é o país que mais pesquisa sobre o espectro. “Hoje, há cerca de 200 milhões de autistas no mundo, uma a cada 105 crianças tem autismo. Nos Estados Unidos, uma a cada 68 crianças está no espectro autista, mas esse número maior é porque eles são os que mais testam”, informou o diretor. Ele disse ainda que o autismo ocorre 90% por genética e 10% por fatores ambientais.
O CEO e fundador da empresa, Ronaldo Cohin, é pai de um menino autista e viu a necessidade de criar um aplicativo de qualidade para pais e crianças autistas. Ele é desenvolvedor de software e contou com a colaboração de terapeutas e profissionais especialistas no tratamento do Transtorno do Espectro Autista (TEA) da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) do Espírito Santo, parceira desde o início do projeto. Assim, ele desenvolveu um app baseado em jogos de associação de cores, números, letras, bichos e objetos. O site da Jade também oferece diversas informações de qualidade sobre o autismo.