São Paulo – Um produto inovador que facilita o processo de pós-plantio de mudas e aumenta sua taxa de sobrevivência, controlando a liberação de água, reduzindo o tempo e o custo de manutenção e prevenindo a aproximação de pragas como formigas cortadeiras e gramíneas como a braquiária e o capim colonião, que podem sufocar e matar a muda. Além disso, tem um design que propicia melhor visualização e monitoramento das mudas em campo. Este é o Nucleário, criado pelos irmãos designers Pedro e Bruno Rutman.
Bruno é CEO da Nucleário e designer industrial, e Pedro é CMO (diretor de marketing) da startup e designer visual. Em entrevista à ANBA, Pedro Rutman contou que tudo começou em 2013, com o projeto de conclusão de curso de Bruno. Mas eles entraram de cabeça na startup cinco anos atrás e pretendem começar a comercializar o produto final em breve, sob demanda. Um dos objetivos é oferecer soluções para o deserto árabe.
Há três grandes problemas nas plantações no Brasil e no mundo, explicou ele, que são a falta de água, a matocompetição ou as gramíneas invasoras, e as formigas cortadeiras (na América do Sul e Central) que devastam as plantações. “Geralmente para evitar as gramíneas são usados agentes químicos que não são bons para o solo, e os formicidas para as formigas, que funcionam, mas têm que ser reaplicados de tempos em tempos, e matam outros tipos de formigas que têm funções ecológicas. E nós temos essa solução física, o próprio produto não deixa que o sol entre no solo, e as gramíneas não conseguem crescer. Isso faz com que se reduza drasticamente o custo da capina manual. E não matamos as formigas, apenas fazemos uma barreira física, criando uma solução permanente”, explicou Rutman.
Os irmãos venderam cerca de 300 unidades em uma versão piloto para testar e aprimorar o produto que será comercializado em alguns meses. “Foi importante porque a partir disso algumas soluções foram aprimoradas, por exemplo, agora o nucleário está acumulando mais água, dezoito litros, e aumentamos a barreira contra os matos invasores e contra as formigas, para proteger a muda por mais tempo”, disse Rutman. O produto é como um disco que fica em volta da muda (foto) e tem 108 centímetros de diâmetro. Ele é feito de plástico, é desmontável e pode ser reutilizado uma vez que a árvore já esteja desenvolvida, o que leva em média três anos.
A princípio, a startup está pensando em soluções para os seis biomas brasileiros, para diferentes espécies de mudas arbóreas e arbustivas. Eles também querem fazer parcerias com governos e empresas de outros países para oferecer soluções específicas para os biomas locais, como o deserto no Golfo Árabe ou a neve no Alasca, Rutman exemplificou. Segundo ele, o acúmulo de água do nucleário faz com que a água dure mais do que o sistema de gotejamento, muito usado na agricultura.
“O produto foi desenvolvido para ser uma tecnologia em larga escala, o que não é fácil. Estamos articulando com a estrutura empresarial para estar em vários biomas diferentes, queremos que o nucleário seja polinizado em vários locais e estamos de olho nessas especificações”, disse Rutman. Para o designer, um produto para um país árabe como os Emirados deve se aproximar do que estão formulando para atender a caatinga brasileira, no sertão do Nordeste.
Rutman conta que já tem alguns clientes interessados no produto, como grandes empresas que precisam fazer compensação ambiental por lei, e fazem a restauração da biodiversidade plantando árvores nativas, como fábricas, concessionárias de estradas, mineradoras, produtoras de celulose, empresas do setor energético, como hidrelétricas, entre outras que têm um impacto ambiental a ser compensado. O serviço de replantio geralmente é terceirizado, feito por empresas especializadas. O nucleário também atende fazendeiros, em áreas que precisam ser regularizadas, plantando floresta nativa, e também para o plantio comercial de árvores frutíferas como os cítricos limão e tangerina.
Os dois designers projetaram o produto porque viram uma necessidade latente no mercado. “Observamos a sociedade e entendemos uma lacuna, uma necessidade latente, e a partir disso, desenvolvemos uma solução que vai melhorar a sociedade”, disse. Os dois irmãos empreendedores foram criados em Lumiar, no Rio de Janeiro, segundo Rutman, uma área de Mata Atlântica muito preservada, onde puderam ter bastante contato com a natureza. Eles também praticam canoagem e são autodidatas em biologia e engenharia florestal.