São Paulo – A 19ª edição da Feicon Batimat, em São Paulo, é um dos motivos que traz uma delegação da Federação de Homens de Negócios e Empresas do Sudão ao Brasil. Nesta quarta-feira (16), o grupo de nove empresários visitou os estandes da feira do ramo de construção em busca de parceiros comerciais brasileiros. Embora tenham gostado dos produtos, os sudaneses acharam os preços elevados.
Dono de uma empresa que atua na construção civil, o secretário-geral da federação, Bakri Yousif Omer, afirmou que a oportunidade de estabelecer negócios com os brasileiros os trouxe para o país. "Precisamos de investimentos no setor de infraestrutura e sabemos que o Brasil tem empresas que podem suprir as nossas necessidades. Por isso, acredito que podemos estabelecer parcerias em relações comerciais", afirmou. Ele, contudo, reclamou dos preços. E não foi o único.
Única mulher da delegação, a empresária Azharia Hassan Makki elogiou a qualidade dos produtos nacionais para reforma e construção de edifícios e casas, mas disse que nem tudo é perfeito. "Os produtos brasileiros são bem feitos, têm um bom acabamento. Mas são muito caros", disse.
A comparação de Azharia não se restringe somente aos preços brasileiros com os cobrados pelos chineses, que investem no Sudão e conseguem praticar valores menores. "Me refiro, inclusive, aos produtos turcos, que também têm boa qualidade e presença forte no Sudão", disse.
As relações comerciais do Brasil com o Sudão estão aquecidas. De acordo com o Ministério da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior (MDIC), no primeiro bimestre deste ano o Brasil exportou o equivalente a US$ 20,1 milhões para o país africano, contra US$ 3,3 milhões no mesmo período do ano passado. Houve um aumento de 511%, graças, especialmente, a açúcar e trigo, os produtos mais exportados.
Mas os sudaneses que visitam o Brasil não desejam só comprar. "Queremos que as empresas brasileiras invistam no nosso país. Precisamos de fábricas, temos poucas indústrias", disse outro integrante da delegação, Abubakr Mohammed.
E não são apenas fábricas que os sudaneses querem. De acordo com o embaixador sudanês em Brasília, Abd Elghani Elkarim, as necessidades do país africano vão além. "Precisamos de obras de infraestrutura, construir prédios, precisamos de desenvolvimento. Estamos nos desenvolvendo e já temos algumas empresas brasileiras no nosso país. Queremos mais", afirmou. O Sudão procura também investidores nos setores de energia e telecomunicações.
Visita
Parte da delegação do Sudão irá visitar empresários da construção civil e representantes do governo em Brasília. Na volta a São Paulo, o grupo deverá conhecer o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP) e a Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco). Eles deverão passar também por centros de distribuição de material de construção e varejistas do setor.