São Paulo – Os sudaneses querem enviar técnicos ao Brasil para receber treinamento na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A vontade foi manifestada durante visita que uma missão do país árabe fez ao país no último mês. A idéia, de acordo com informações fornecidas pela Embrapa, é que profissionais da Empresa de Pesquisa Agrícola do Sudão (ARC) venham ao Brasil para conhecer mais de perto tecnologias agrícolas, principalmente na área de integração lavoura e pecuária.
A Embrapa costuma oferecer esse tipo de treinamento a outros países por meio de convênios internacionais. A comitiva sudanesa que esteve no Brasil foi formada pelo responsável do Programa de Revitalização da Agricultura do Sudão, Ahmed All Geneif, o diretor de relações internacionais da ARC, Babiker El Hag Mousa, e o executivo da empresa agrícola Zeidab International, Khalid Omar El Sheikh. O grupo visitou duas unidades da Embrapa, no Distrito Federal: a Embrapa Cerrados e a Embrapa Hortaliças.
De acordo com o pesquisador da Embrapa Cerrados, Roberto Teixeira Alves, essa integração lavoura-pecuária, pela qual os sudaneses se interessaram, é a rotação do cultivo na pastagem com o de grãos. Serve para recuperar pastagens muito antigas. A Embrapa indica que a cada três anos, uma parte da terra de pastagem mantenha outras culturas, como milho, sorgo, arroz, milheto, soja e feijão. A idéia é que gradualmente partes da terra recebam rotação, até que ela atinja toda a extensão da pastagem.
Alves afirma que também o sensoriamento remoto foi tema de interesse do grupo do Sudão. Pelo sistema são usadas imagens por satélite para monitorar a vegetação nativa e também as áreas de produção no país. De acordo com Alves, atualmente todos os biomas do Brasil estão mapeados. Dessa maneira, afirma o pesquisador, é possível fazer um planejamento racional de uso da terra. Pelo sistema é possível saber, por exemplo, quanto se pode usar da terra para produção, garantindo a manutenção das áreas de vegetação nativa.
De acordo com o pesquisador, não ficou definido o intercâmbio. Esse tipo de cooperação normalmente envolve também a área internacional da instituição de pesquisa e outros órgãos do governo. O treinamento internacional, porém, tem sido cada vez mais procurado na Embrapa, segundo Alves, já que é uma política do atual governo federal. Na Embrapa Hortaliças, por exemplo, o grupo buscou informações sobre produção, pesquisa, transferência de tecnologia e mercado na área de sementes.
A agenda foi organizada, no Brasil, pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. A intenção da delegação era identificar possibilidades de parcerias na área agrícola. A sudanesa ARC tem sede em Cartum e existe desde 1902. A empresa produz pesquisas em 24 áreas, principalmente com trigo, arroz, girassol, sorgo, milho e algodão.
O Sudão tem cerca de 30% da sua economia atrelada ao setor agrícola. Na geração de empregos, o segmento responde por 80%. A produção agrícola sudanesa é formada basicamente por algodão, amendoim, sorgo, milho, trigo, goma arábica, cana-de-açúcar, mandioca, manga, mamão, banana, batata doce e gergelim. O país também mantém criações de ovinos e de bovinos. Apesar da agricultura ser relevante, o Sudão fez descobertas de petróleo nos últimos anos, o que elevou os seus investimentos e suas receitas no setor.

