São Paulo – O Sudão precisa de reformas ousadas e abrangentes para estabilizar sua economia e fortalecer seu crescimento, segundo relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre o país árabe. Uma equipe do FMI esteve em Cartum, capital sudanesa, entre 4 e 17 de dezembro. Em relatório divulgado nesta segunda-feira (23), o fundo reporta que as condições econômicas no país continuam desafiadoras devido a déficits fiscais persistentes, inflação alta e baixo acesso a financiamentos.
A instituição financeira aconselha a expansão das redes de segurança social para apoiar as reformas e melhorias no ambiente de negócios e de governança como forma crucial para promover o crescimento. Daniel Kanda, líder da equipe do FMI que visitou o país, afirmou que a mudança política dá ao Sudão oportunidade de implementar reformas que abordam grandes desequilíbrios e cria as condições para um crescimento inclusivo.
“No entanto, os desafios que o novo governo enfrenta são assustadores. A economia está encolhendo, os desequilíbrios fiscais e externos são grandes, a inflação é alta, a moeda está supervalorizada e a competitividade é baixa. A situação humanitária é terrível, com grande número de pessoas deslocadas internamente e refugiadas. Uma rede de segurança social expandida e antecipada será essencial para ajudar a mitigar o impacto de reformas potencialmente difíceis nos setores vulneráveis da sociedade”, disse Kanda.
O relatório informa que o acesso limitado do país ao financiamento externo continua a restringir a economia. Contas atrasadas bloqueiam o financiamento de doadores internacionais, enquanto as perspectivas de obter grandes financiamentos externos de doadores bilaterais permanecem incertas.
Em 2018, a atividade econômica do Sudão caiu 2,3% e o Produto Interno Bruto (PIB) deverá encolher 2,5% em 2019. A posição fiscal se deteriorou devido aos crescentes subsídios aos combustíveis e à fraca mobilização de receita, e o déficit fiscal passou de 7,9% em 2018 para 9,3% do PIB em 2019.
“As discussões entre a equipe do FMI e as autoridades se concentraram em políticas e reformas para restabelecer a estabilidade macroeconômica e apoiar um crescimento econômico mais amplo. Isso requer a liberalização da taxa de câmbio, a mobilização de receita e a eliminação gradual dos subsídios aos combustíveis. Será necessário um aumento substancial nas transferências sociais para mitigar o impacto do ajuste nos grupos vulneráveis”, disse Kanda.
O FMI afirma que autoridades fizeram grandes progressos no desenvolvimento de um pacote abrangente de reformas e iniciaram o diálogo com a população. As reformas devem ser cuidadosamente sequenciadas, precedidas e acompanhadas por extensa campanha de informação e comunicação que alcance ampla seção da sociedade e explique a sua lógica, o custo do status quo, os possíveis efeitos adversos e as medidas de mitigação, disse o FMI.