Marina Sarruf
Santos – Os sudaneses querem utilizar processos brasileiros no transporte de açúcar. Para isso, representantes da Kenana Sugar Company (KSC), maior empresa do setor açucareiro do Sudão, visitaram ontem (25) um dos terminais de açúcar do Porto de Santos, no litoral de São Paulo. Participaram da visita o gerente de operações e logística da companhia, Hassan Eljack, e a gerente de vendas domésticas, Sitt Elgeel Omer Ahmed.
A empresa sudanesa estuda a construção de uma nova refinaria até 2008, com capacidade para produzir um milhão de toneladas anuais de açúcar, em Port Sudan, porto localizado no Mar Vermelho. “Achamos a tecnologia brasileira muito avançada. Nossa idéia é aplicar essa tecnologia nos novos terminais que vamos construir”, afirmou Eljack. Segundo ele, assim será mais fácil exportar e importar a commodity.
De acordo com o executivo, a visita ao Porto de Santos permitiu conhecer os veículos e equipamentos utilizados no processo de escoamento do açúcar até o navio. No porto, os sudaneses fizeram um tour pelo terminal açucareiro da Nova América, empresa brasileira líder no mercado varejista do produto e uma das três companhias que possui terminal exclusivo de açúcar ensacado em Santos.
Segundo o gerente de operações e logística da Nova América, Ricardo Teixeira, estão sendo investidos US$ 40 milhões na construção de um novo armazém e um carregador de navios. A empresa tem no porto três armazéns de açúcar ensacado, com capacidade para 15 mil toneladas, e dois armazéns para granel, com capacidade total de 170 mil toneladas.
“O granel em geral é a commodity do futuro”, disse o supervisor dos armazéns da empresa, Regis Isaias Ferrari. Segundo ele, o granel é a matéria-prima bruta que pode ser utilizada para várias finalidades, como nas refinarias de açúcar e na produção de álcool. Uma das metas da empresa é transformar um dos armazéns de açúcar ensacado em silo para granel.
Segundo Teixeira, no ano passado o terminal movimentou um milhão de toneladas de açúcar. Com o novo armazém de granel, ele acredita que o total subirá para 2,5 milhões de toneladas. “A partir do ano que vem queremos arrebentar no mercado”, disse.
Atualmente a Nova América é líder na movimentação de açúcar no Porto de Santos. Segundo Teixeira, a empresa responde, em média, por 25% das exportações de açúcar ensacado do Brasil. “Recebemos muitas visitas estrangeiras, como da Venezuela e de países africanos. Desenvolvemos um trabalho aberto, por isso conseguimos uma credibilidade muito forte no mercado”, disse Teixeira.
Após visitar o terminal da Nova América, Eljack quer ter a empresa brasileira como supervisora das futuras operações logísticas da KSC. “Queremos trocar tecnologia com a Nova América. Ela pode investir no Porto do Sudão e construir armazéns. No futuro podemos até formar uma joint-venture”, disse. Segundo ele, a Kenana tem muita experiência no refino de açúcar, mas não tem tecnologia avançada.
Eljack acrescentou que a KSC tem planos também de construir uma fábrica de etanol e, para isso, gostaria de conhecer o processo brasileiro de transporte do combustível, além dos equipamentos utilizados no escoamento do produto.
Perfil
A KSC tem como acionistas os governos do Sudão, do Kuwait e da Arábia Saudita, além de investidores privados. A empresa tem uma capacidade de produção de 450 mil toneladas por ano de açúcar. Desse total, 75% é destinado ao mercado interno. No entanto, a companhia também exporta para Europa, África e países do Golfo Arábico. Do Brasil, ela importa 200 mil toneladas de açúcar bruto por ano, mas os negócios são intermediados por traders europeus.

