Alexandre Rocha
São Paulo – O setor de celulose e papel brasileiro prevê fechar o ano com um superávit em sua balança comercial na ordem de US$ 2,6 bilhões, com exportações girando em torno de US$ 3,1 bilhões e importações na casa de US$ 500 milhões, segundo informou o presidente do conselho deliberativo da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa), Boris Tabacof, que também é membro do conselho do Grupo Suzano (Suzano Holding), um dos maiores fabricantes do ramo no país.
“Nós só não somos auto-suficientes em papel jornal e celulose de fibra longa, extraída de pinheiros”, afirmou ele.
Os números representam um crescimento expressivo em relação ao ano passado, quando foram exportados US$ 2,1 bilhões e registrado um saldo comercial de US$ 1,5 bilhão.
Tabacof atribui esse aumento a “grandes investimentos” que foram feitos no setor recentemente, resultando no aumento da produção de celulose em 1 milhão de toneladas. “Esse aumento na produção foi praticamente todo exportado”, afirmou ele.
No ano passado, foram produzidas 8 milhões de toneladas de celulose, sendo que 3,7 milhões fora vendidas ao exterior. No caso do papel, foram produzidas 7,7 milhões de toneladas, sendo que 1,4 milhão foram exportadas.
Até setembro deste ano, já foram exportadas 1,319 milhão de toneladas de papel, equivalente a US$ 818,8 milhões, e 3,391 milhões de toneladas de celulose, num total de US$ 1,298 bilhão, segundo informações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
O principal cliente, em valores, foram os Estados Unidos, com US$ 131,5 milhões importados em papel e US$ 320,8 milhões em celulose. Em volume, porém, o maior importador do papel brasileiro foi a Argentina, com 201 mil toneladas compradas.
Investimentos
Os produtores do ramo têm planos ambiciosos. De acordo com declarações do presidente da Bracelpa, Osmar Zogbi, reproduzidas no site da entidade, o setor quer investir US$ 14,4 bilhões na produção nos próximos 10 anos.
“O que não é nada difícil, porque nos últimos 10 anos investimos US$ 12 bilhões”, disse Zogbi, em discurso reproduzido no site.
Com estes investimentos, a indústria pretende dobrar o volume de exportação de celulose e aumentar em 50% as vendas externas de papel, acumulando um saldo comercial de US$ 30,4 bilhões no período, além de gerar 60,7 mil novos empregos. Hoje o setor emprega 100 mil pessoas nas áreas florestal e industrial.
Tabacof acha extremamente importante o aumento no superávit da balança comercial do país como um todo. Na quarta-feira (22), durante debate sobre comércio exterior realizado na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), ele disse que o crescimento dos saldos positivos ajudará o país a diminuir sua vulnerabilidade externa.
Árabes
Lá fora, um dos focos de interesse dessa indústria são os países árabes. Tabacof disse que as exportações para a região ainda são “pouco significativas”, mas “vêm crescendo”. De acordo com ele, empresários árabes estão investindo em fábricas de papel e embalagens, o que vai aumentar a demanda por celulose como matéria-prima.
Segundo Tabacof, o principal mercado entre os países árabes é o Egito. “Exportamos bastante para lá”, afirmou. Fora do mundo árabe, mas dentro do Oriente Médio, Tabacof disse que o setor também vende muito para o Irã.
“Nos interessa ampliar nossas vendas para os países árabes. É um mercado altamente competitivo, mas nós temos qualidade e preço para estreitar nossos laços comerciais”, declarou ele.
No ano passado a indústria nacional de celulose e papel faturou R$ 16,8 bilhões. De acordo com Tabacof, esse número deve subir para R$ 20 bilhões em 2003. O setor é formado por 220 empresas espalhadas por 16 estados.
De acordo com dados da Bracelpa, o Brasil está em 7.º lugar entre os produtores de celulose do mundo e é o primeiro em produção e exportação de celulose de fibra curta, extraída do eucalipto. É também 11.º produtor mundial de papel. Segundo Tabacof, o setor cresce mais do que o Produto Interno Bruto (PIB) do país.