Taznakht – No sul do Marrocos, mulheres são guardiãs do antigo ofício de tecelagem de tapetes, uma forma de arte complexa. Ijja Benchri é uma das artesãs que cria tapetes em um tear de madeira do lado de fora de sua pequena casa, na vila de Taznakht, seguindo a tradição de muitas gerações anteriores. “Comecei quando tinha 11 ou 12 anos, imitando as mulheres que eu via tecendo”, disse Benchri, de 60 anos.
Com padrões geométricos ousados e cores chamativas, os tapetes feitos à mão são facilmente encontrados nos mercados marroquinos e muito procurados por turistas. No ano de 2022, os tapetes tradicionais representaram quase 22% das exportações artesanais do Marrocos, de acordo com dados do governo.
As aldeias montanhosas ao redor de Taznakht são famosas pela produção de tapetes Ait Ouaouzguite. Eles são chamados assim como homenagem a uma tribo nativa, a Amazigh, advinda dos povos berberes. Alguns dos melhores tapetes do Marrocos são feitos de lã de ovelha de alta qualidade em Jbel Sirwa, ao sul das Montanhas Atlas. Eles costumam ser tingidos com pigmentos naturais de plantas como hena, cascas de romã ou índigo.
“Essa tradição foi passada de mãe para filha há séculos”, disse para a AFP a líder de uma cooperativa local de tecelagem feminina, Safia Imnoutres. Como outras mulheres, ela exibiu suas criações de tapetes em um festival recente em Taznakht dedicado a conservar a herança desse ofício.
Arte que vem de dentro
Criar um tapete pode levar de duas a quatro semanas, dependendo do tamanho, disse a artesã Benchri. Ela explica que escolhe as cores dos tapetes conforme seus sentimentos. A líder Imnoutres também descreveu o processo criativo das peças como instintivo e guiado pela emoção, em vez de seguir um desenho previamente definido. “A tecelagem é uma expressão dos sentimentos das mulheres, quando estão alegres, quando estão melancólicas”, ela acrescentou. “É uma arte que vem de dentro.”
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